A Polícia Federal (PF) começou a ouvir nesta quarta-feira (24) os depoimentos de quatro suspeitos de acessar, sem autorização, os telefones celulares de autoridades públicas como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Além das detenções temporárias, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, titular da 10ª Vara Federal de Brasília, autorizou também a realização de buscas e apreensões em sete endereços ligados aos suspeitos, nas cidades de Araraquara, Ribeirão Preto e São Paulo.
O caso expõe mais uma vez a fragilidade do governo Bolsonaro quando o assunto é a proteção de dados e até física de pessoas do alto escalão de seu governo.
Além da invasão de celulares, já tivemos neste ano casos como o militar da Aeronáutica que foi pego com 39 quilos de cocaína dentro de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável por transportar a equipe que dava apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro.
Ou até mesmo o episódio triste do empresário que se suicidou com um tiro na cabeça na frente do governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, e do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque durante um evento em Aracaju.
Para Tanguy Baghdadi, professor de Relações Internacionais da Universidade Veiga de Almeida (UVA), os casos citados colocam em xeque a credibilidade brasileira quando o assunto é segurança.
"Tanto mostram de uma certa forma um atraso institucional do Brasil quanto até mesmo incentivam outros ataques como esse, o que talvez seja mais grave ainda", afirmou à Sputnik Brasil.
Baghdadi lembrou que em 2013, a ex-presidente Dilma Rousseff teve seu celular hackeado pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos.
"Os principais países do mundo têm se preocupado muito com isso e a imagem que pode passar o fato do Brasil continuar tendo esses problemas no ano de 2019 é o fato de que a gente não conseguiu avançar muito", disse.
Ele disse que outros chefes de Estado podem enxergar no Brasil um país inseguro para fazer comunicação.
"A preocupação que pode passar é outros chefes de Estado olharem para o Brasil como um país inseguro para o qual você vai fazer comunicação. Agora, naturalmente uma boa parte da comunicação com líderes estrangeiros se dá por meio do Itamaraty, que obviamente é mais preocupado com esse tipo de problema", completou Baghdadi.