Em uma entrevista ao jornal Izvestia, Svetlana Radionova, chefe do Serviço Federal de Supervisão dos Recursos Naturais, alertou que, se uma das empresas da região de Irkutsk não for recuperada e descontaminada, pode acontecer uma catástrofe ecológica semelhante em gravidade à da usina nuclear de Chernobyl que destruiu Pripyat, na União Soviética, em 1986.
As autoridades criticam os proprietários da usina Usolyekhimprom, que produz cloro e outras substâncias químicas, por ignorarem completamente as repercussões ecológicas da sua atividade empresarial depois de terem deixado a fábrica ao abandono.
Esta fábrica, segundo Radionova, caiu totalmente em decadência e seus proprietários deixaram tudo sem supervisão. Mais especificamente, observou a responsável, a fábrica tem necessidade urgente de descontaminação, devido à forte poluição por mercúrio na região.
Substâncias perigosas
Para ilustrar isso, Radionova referiu um conjunto de reservatórios contendo substâncias químicas perigosas não especificadas armazenadas nas instalações da fábrica, ninguém sabendo exatamente o que está no seu interior.
Segundo ela, no interior da fábrica existem reservatórios de substâncias químicas nocivas, algumas das quais estão sob pressão. Nos poços onde era coletada solução salina foi bombeado óleo usado.
"O rio Angara corre ao lado e é claro que, se um desses poços se romper, o rio ficará poluído. Na verdade, esta é uma área onde pode ocorrer uma catástrofe ecológica. Precisamos de agir agora, caso contrário, vamos ter um 'Chernobyl ecológico'" – alertou.
Problema sistémico
Além disso, o ecologista Andrei Peshkov explicou para o serviço russo da Rádio Sputnik que a usina Usoliekhimprom já funciona há muito tempo, e os ambientalistas conhecem as consequências de sua laboração, pois produziu uma grande quantidade de produtos químicos que são vazados no ambiente.
"Nos sedimentos do rio Angara se acumularam volumes significativos de substâncias químicas. Isto é conhecido há muito tempo. Este é um problema sistémico do nosso país", – indicou Peshkov.
Segundo especialista nos anos do pós-guerra poucos davam importância às questões ecológicas, o financiamento para a eliminação dos danos ambientais era mínimo. Havia uma estratégia de transferir os problemas para as gerações futuras. Hoje já existem muitas tecnologias modernas, mas os empresários economizam ao máximo e não as aplicam.