Especialistas preveem apocalipse econômico no final de 2019 que pode atingir qualquer país

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As tensões no comércio mundial podem levar a uma recessão econômica até o final de 2019, prevê a agência de classificação de crédito russa ACRA.

Segundo um estudo da agência divulgado em 23 de julho, há sinais crescentes de desastre iminente, e as previsões apocalípticas agora já não parecem tão inverossímeis.

"A baixa probabilidade de uma rápida resolução da disputa comercial entre a China e os Estados Unidos, bem como a ameaça de Washington restringir o comércio com o México e outros países, sugere que as tendências cíclicas negativas observadas na economia dos EUA desde o início deste ano levarão à estagnação ou recessão em alguns países desenvolvidos em 2019-2020".

O novo ciclo econômico, inevitavelmente seguido de uma recessão global, está chegando ao fim. Isso significa que os choques globais estão bem na esquina, o que afetará toda a gente. A bomba pode explodir em qualquer lugar, adverte Olga Samofalova, colunista do diário russo Vzglyad.

Há um ano, Nouriel Roubini, professor de economia da Universidade de Nova Iorque, e o economista italiano Brunello Rosa, identificaram 10 riscos potenciais que poderiam desencadear uma recessão global em 2020. Nove desses riscos persistem hoje, disse Roubini este ano.

Em geral, os economistas identificam vários lugares no mundo onde a chamada Teoria do Cisne Negro poderá ocorrer, ou seja, onde um acontecimento negativo inesperado de grande impacto venha a levar a um colapso e a uma recessão que destrói a economia de países como um castelo de cartas, explica Samofálova.

Estados Unidos

O golpe pode vir dos Estados Unidos. Doug Casey disse que a economia dos EUA é um frágil castelo de cartas construído sobre areia movediça, e o tsunami já está se aproximando.

Muitos economistas soaram o alarme. Os receios são causados, antes de mais, pela guerra comercial entre os EUA e a China, que está provocando o redesenho dos mercados globais.

O agravamento da luta levará a uma desaceleração da economia mundial, a uma queda na demanda por recursos energéticos, a problemas no setor bancário e, finalmente, a um colapso global, diz o colunista de Vzglyad.

Especialistas da ACRA acreditam que a guerra comercial levará a uma queda de 0,7% na economia dos EUA até 2020. Outro sinal de uma próxima crise nos EUA é a inversão de índice de rendibilidade dos títulos do tesouro.

Esta é uma situação invulgar quando os rendimentos de títulos de longo prazo descem abaixo das taxas de rendimento de curto prazo. Tal é considerado o prenúncio mais preciso do início de uma crise econômica.

Ao mesmo tempo, o perigo está também nas ações do presidente dos EUA contra, por exemplo, o Irã, salienta Samofalova. Para alcançar mais popularidade, Donald Trump pode provocar uma verdadeira crise externa, causando um choque petrolífero que, sem dúvida, terá consequências muito graves.

China

Os problemas também podem vir da China. Um dos riscos que pode dar origem a uma recessão em 2020 é a guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, diz Roubini.

Se os Estados Unidos impuserem tarifas de US$ 300 bilhões e proibirem a Huawei e outras empresas chinesas de usar componentes americanos, Pequim também responderá com medidas extremas.

Por exemplo, privará as empresas americanas dos minérios de terras raras, que são necessários em várias indústrias, incluindo a de defesa, ou fechará seu mercado para empresas transnacionais americanas como a Apple.

Seria um choque insuportável para os mercados. Uma nova escalada desta guerra iria empurrar o mundo para a recessão, independentemente do que os maiores bancos centrais estão fazendo, disse Roubini.

Os economistas receiam que, a dada altura, a China venha a registar um acentuado abrandamento económico, cujas consequências serão imprevisíveis. Isso pode levar a uma queda acentuada nos preços.

Por outro lado, os países desenvolvidos também sofrerão, pois nos últimos 10 anos começaram a vender ativamente seus produtos para a classe média chinesa, observa Samofalova.

A ACRA acredita que, se a economia dos EUA cair em recessão no próximo ano, o gigante asiático mostrará uma taxa de crescimento de apenas 4%, a menor nos últimos 25 anos.

Europa

A Europa também pode ser uma fonte de problemas. O principal perigo econômico vem da chegada de Boris Johnson ao posto de primeiro-ministro britânico. Ele apoia o Brexit a todo o custo, mesmo sem um acordo com a União Europeia. Os mercados estão assustados com estas mudanças, a moeda europeia também está sendo afetada, bem como a libra esterlina.

Por outro lado, os preços do ouro estão crescendo, com os investidores fugindo para um porto seguro por medo de uma tempestade, segundo as análises dos colunistas.

Anatoly Kaletsky, economista-chefe da Gavekal Dragonomics, acredita que a Europa representa uma ameaça muito mais grave para a economia mundial do que os Estados Unidos e a China.

Em sua opinião, a Europa será a principal vítima da guerra comercial entre os EUA e a China, pela mesma razão que sofreu durante a crise de 2008 mais do que os próprios EUA, onde esta recessão começou. Segundo o economista, a Europa está, uma vez mais, tomando as decisões erradas, poupando em tudo.

Rússia

Quanto à Rússia, a todos os riscos globais se somam os riscos internos, entre eles, a crise hipotecária. No entanto, esta está atualmente sob o controlo do Banco Central.

O segundo é o risco de novas sanções contra a Rússia. Os especialistas da ACRA reduziram a probabilidade de serem introduzidas novas sanções económicas contra o país.

No entanto, os choques globais decorrentes da guerra comercial e a desaceleração do crescimento económico mundial irão dificultar o crescimento da demanda dos tradicionais produtos russos de exportação.

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