A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês), não dispunha da informação completa sobre os sistemas automáticos, cujas falhas poderiam ter sido a causa dos acidentes de duas aeronaves deste tipo que vitimaram todos as pessoas que se encontravam a bordo.
Porém, quando a Administração Federal soube sobre a falha em causa, não tomou imediatamente a decisão de proibir os voos dos aviões deste tipo, escreve o New York Times, citando antigos e atuais membros da FAA e da Boeing.
De acordo com a edição, a Administração Federal de Aviação nunca tinha executado avaliações independentes sobre os riscos do Sistema de Aumento de Características de Manobras (MCAS, na sigla em inglês). As fontes citadas pelo jornal informaram que o regulador transferiu a responsabilidade das verificações de rotina para as empresas fabricantes para que os funcionários da FAA pudessem se concentrar em tarefas mais importantes.
Segundo o New York Times, o sistema MCAS era verificado pela própria Boeing. O monitoramento do trabalho de desenvolvimento do referido sistema foi incumbido a dois funcionários inexperientes da Administração Federal de Aviação, entretanto, posteriormente o regulador transferiu totalmente a responsabilidade de aprovação do sistema para a própria Boeing. A FAA nem sequer exigiu à empresa informações sobre as alterações que poderiam ser potencialmente perigosas.
Depois da queda do avião da companhia aérea indonésia Lion Air em novembro de 2018, os engenheiros da FAA "ficaram surpreendidos por não disporem de dados completos sobre a análise dos sistemas MCAS", destaca o jornal.
Na avaliação de segurança dos sistemas não havia referências que ele poderia prevalecer sobre as tentativas dos pilotos de fazer subir o nariz do avião, impedindo desta maneira o restabelecimento do controle da aeronave.
Apesar disto, a Administração Federal não decidiu suspender os voos dos Boeing 737 MAX e, em vez disso, foi emitida uma notificação para os pilotos sobre as regras de comportamento em situações de emergência existentes. Segundo as fontes, o sistema MCAS não era mencionado.
Em março deste ano, um Boeing 737 MAX da Ethiopian Airlines caiu próximo da cidade de Bishoftu com 157 pessoas a bordo após, em outubro de 2018, ter caído um avião do mesmo modelo da companhia aérea indonésia Lion Air, vitimando 189 pessoas.