Na última segunda-feira (29), insatisfeito com impedimento da OAB de quebra de sigilo telefônico do advogado de Adélio Bispo, que esfaqueou Jair Bolsonaro, quando ainda era candidato à Presidência do Brasil, o presidente do Brasil indagou "o que é a OAB" e ainda mandou um recado para o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz:
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade, eu conto para ele. Não é a minha versão, é que a minha vivência me fez chegar a essas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio desaparecer aqui no Rio de Janeiro."
Por sua vez, Felipe Santa Cruz afirmou na segunda-feira (29) que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir que o presidente Jair Bolsonaro conte o que ele sabe sobre a morte de seu pai, Fernando Santa Cruz.
As palavras do presidente do Brasil sobre um estudante que veio a desaparecer e nunca chegou a ser encontrado durante o regime militar causou tanto indignação como recebeu apoio de uma parcela da população brasileira.
A hashtag #BolsonaroTemRazao está quase no topo dos assuntos mais comentados hoje no Twitter. Já são mais de 66 mil tweets, divididos em favoráveis e críticos.
Para internauta, Bolsonaro foi eleito "por ser autêntico".
Bolsonaro não foi eleito pela fala bonita, rebuscada e politicamente correta, mas por ser autêntico, enfrentar hipocrisia com verdade e, principalmente porque, até agora, ninguém pôde chamá-lo de corrupto.
— ❄️Helen.Ice 🇧🇷🙏🏽⛪⚖️ (@helenicess) July 30, 2019
"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
#BolsonaroTemRazao
Uma foto de Felipe Santa Cruz com petistas está sendo usada como argumento de apoio à fala de Jair Bolsonaro.
"Diga-me com quem andas que direi quem tu és" 🤔🤔🤔🤔🤔🤔#OABdoPT #BolsonaroTemRazao pic.twitter.com/ykv9OchrCo
— 🇧🇷Patricia Ribeiro🇧🇷 (@Pattyy_Ribeiro) July 30, 2019
Em sua maioria, os tweets são de apoio às palavras de Jair Bolsonaro, e mostram explicações diversas que vão contra o chefe da OAB, Felipe Santa Cruz. Acusações estão sendo expostas e tentam mostrar que Santa Cruz desrespeitou uma advogada e que possui ligação com petistas, sendo, assim, de acordo com apoiadores do presidente do Brasil, mau caráter.
Outra parcela dos tweets corresponde aos que se indignaram com as palavras do presidente.
Pô, o twitter de novo destacando hashtag com erro de digitação.
— Felipe de Paula (@felipe_depaula) July 30, 2019
Não é #BolsonaroTemRazao , é "Bolsonaro tem ração". pic.twitter.com/Z97bdeYzYb
O deputado federal Marcelo Freixo (PSL-RJ) acredita que a postura de Bolsonaro tenha ultrapassado "a fronteira da desumanidade".
Bolsonaro é só ódio, violência e fanatismo. Mais do que atacar o presidente da OAB, @felipesantacruz, o presidente debochou da dor de um filho que perdeu o pai de maneira brutal e criminosa. Bolsonaro mais uma vez mostra a sua sordidez e ultrapassa a fronteira da desumanidade.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) July 29, 2019
Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira foi morto e torturado pelo Estado brasileiro
A Comissão Nacional da Verdade esclarece que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira desapareceu em 1974 e foi morto pelo Estado brasileiro durante o regime militar. Existem duas possibilidades para sua morte: ele pode ter sido morto no DOI-CODI do Rio de Janeiro e ter tido seu corpo sepultado como indigente no Cemitério Dom Bosco, em Perus, ou ele pode ter sido morto no centro de tortura conhecido como Casa da Morte, em Petrópolis, e o corpo queimado em uma usina de açúcar.
As informações sobre Fernando e seu desaparecimento podem ser conferidas na página 1601 do volume três do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
A Comissão Nacional da Verdade também indica que 434 pessoas foram mortas pela ditadura militar — e os corpos de 210 dessas vítimas nunca foram encontrados. A CNV também concluiu que o Estado brasileiro foi responsável, por ação ou omissão, pela morte de 8.350 indígenas — e estima que este número "deve ser exponencialmente maior".
Documento obtido pelo G1 mostra que o atestado de óbito de Fernando indica que ele foi morto pelo Estado brasileiro.