Na última semana, o governo federal reconheceu 22 cidades em estado de emergência por conta da seca no Ceará. Em Alagoas, outros 38 municípios também enfrentam problemas com a falta de chuva. Em Minas Gerais, o número de cidades em situação de emergência devido à falta de chuvas, entre janeiro e julho deste ano, é 110% maior que o do mesmo período de 2018.
Nordeste é mais uma vez ameaçado pela seca
— Radar Sergipe (@radarsergipe_) July 30, 2019
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Em entrevista à Sputnik Brasil, Francisco de Assis de Souza Filho, professor da Universidade Federal do Ceará e coordenador do projeto Gestão Adaptativa do Risco Climático de Seca como Estratégia de Redução dos Impactos da Mudança Climática (Adapta), afirmou que não vê um planejamento de política pública estrutural por parte do governo federal, apesar dos esforços implementados pelos Estados.
"A nível federal eu não estou vendo muita clareza de política pública ligada a essa questão da seca [...] a gente não está identificando uma política mais sistemática sobre isso. O que a gente tem observado em grande medida são os esforços dos Estados", observou.
"No caso específico aqui do Estado do Ceará tem um comitê de secas que reúne diversas instituições do Estado e que têm feito o acompanhamento diário do que está acontecendo em relação à seca e, na medida do possível, têm tentado evitar que os centros urbanos e as populações rurais entrem em colapso", acrescentou o especialista.
De acordo com ele, "no governo federal, continua sendo mantida a política do carro-pipa, operada pelo Exército brasileiro, que é uma política muito antiga, e para as populações rurais difusas ele tem suprido essa demanda".
"Mas para as cidades e pra uso industrial, a gente não tem identificado uma ação de políticas mais estruturantes do governo federal. Nem pela imprensa, nem pelo dia-a-dia eu estou identificando essas políticas. Eu tô achando que o Nordeste está ficando muito secundarizado na agenda federal", acrescentou.