"Começamos a observar este planeta pela sua natureza 'extrema'. Tentamos ver vestígios de magnésio, ferro e outros metais nas suas conchas, e ficamos muito surpresos por tê-los encontrado tão longe do planeta. Acontece que a estrela está apenas arrancando sua atmosfera", disse David Sing, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, EUA.
Nos últimos dez anos, astrônomos descobriram milhares de planetas fora do Sistema Solar, alguns dos quais têm tamanho parecido com o do nosso e outros são cópias menores ou maiores do que Júpiter.
Astrônomos estão agora analisando ativamente a atmosfera destes planetas para saber se é possível existir vida neles e para revelar história de formação.
Planeta WASP-121b
O planeta WASP-121b é o mais inadequado para guardar vida. Foi descoberto em 2015 nas proximidades de uma estrela semelhante ao Sol, localizada na constelação Puppis a 850 anos-luz da Terra.
Observando-o com a ajuda do observatório Hubble, astrônomos descobriram que as camadas superiores de sua atmosfera chegavam a 2.700 graus Celsius devido à presença de vapores de água e substâncias especiais que absorvem ativamente a luz ultravioleta e as convertem em calor. Lá é tão quente que até mesmo ferro derrete ao ponto de ferver.
Sing e seus colegas descobriram outra propriedade surpreendente deste planeta "infernal", tentando calcular a quantidade de "metais" – elementos mais pesados do que hélio e hidrogênio – em diferentes partes de sua atmosfera.
Para isso, os cientistas têm acompanhado a quantidade de luz ultravioleta absorvida e produzida pelas conchas de ar do WASP-121b, e analisado seu espectro, utilizando as ferramentas do Hubble. Eles usaram esses dados para criar uma "cópia" virtual do mundo e analisar suas propriedades.
Vestígios de magnésio
Para grande surpresa dos pesquisadores, eles foram capazes de encontrar vestígios de magnésio e ferro, não apenas na atmosfera mais inferior deste "júpiter quente", mas também no resto de suas camadas de ar localizadas bem mais longe do núcleo do gigante gasoso.
Além disso, a natureza incomum da distribuição de "metais" no planeta indicou que ele não é arredondado, mas, sim, oval como uma bola de rugby.
Como explica Sing, a estrela WASP-121 "roubaria" ativamente a atmosfera do planeta companheiro, forçando-o a "inchar" pelo calor e luz, bem como a se esticar devido à sua força da gravidade. Como resultado, o WASP-121b se tornou não só o mais quente e extremo, mas também um planeta de aparência bizarra.