Nesta sexta-feira (2), a chancelaria russa comunicou sobre o encerramento do Tratado INF, que proíbe a implantação de armas nucleares terrestres com um alcance de 500 a 5.500 km.
"Em 2 de agosto de 2019, o Tratado entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e os Estados Unidos da América relativo à eliminação dos seus mísseis de médio e curto alcance, assinado em Washington em 8 de dezembro de 1987, foi encerrado por iniciativa dos EUA", de acordo com documento publicado no portal oficial de informação legal.
Minutos após o anúncio da Rússia, o governo dos Estados Unidos se pronunciou oficialmente sobre a retirada do acordo.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, confirmou a retirada de Washington do tratado de desarmamento nuclear INF, acusando Moscou de ser "a única responsável" pelo colapso do acordo de 1987, assinado ao final da Guerra Fria.
On Feb 2nd, 2019 the U.S. gave Russia six months to return to compliance with the Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty. Russia refused, so the treaty ends today. The U.S. will not remain party to a treaty when others violate it. Russia bears sole responsibility.
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) August 2, 2019
No dia 2 de fevereiro de 2019, os EUA deram à Rússia seis meses para voltar ao cumprimento do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. A Rússia se recusou, então o tratado termina hoje. Os EUA não permanecerão sendo parte de um tratado quando outros o violarem. A Rússia tem responsabilidade exclusiva
O vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, pediu anteriormente aos Estados Unidos que implementassem uma moratória sobre o lançamento de mísseis nucleares de alcance intermediário, agora que o acordo está encerrado.
"Sugerimos aos EUA e a outros membros da OTAN que considerem a possibilidade de anunciar uma moratória sobre o destacamento de mísseis de médio alcance. Esta moratória seria comparável à já anunciada por Vladimir Putin, dizendo que se os Estados Unidos não implantarem este equipamento em certas regiões, a Rússia também se absterá de fazê-lo", acrescentou.
Na opinião do professor de ciência política da Universidade de Rhode Island (EUA), Nicolai Petro, um padrão discernível surgiu sob a administração Trump, sugerindo "que um grande acordo está próximo".
"A fim de obter uma posição de negociação inicial mais favorável, o presidente assume uma posição pública muito estridente, presumivelmente destinada a assustar os seus interlocutores para que aceitem o acordo que mais tarde irá oferecer", disse o especialista.
Resposta recíproca
A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de sair do Tratado INF torna-se oficial em 2 de agosto, seis meses depois de Washington ter anunciado querer suspender suas obrigações do tratado, tendo acusado a Rússia de violar o acordo.
Moscou, por sua vez, negou as alegações, enfatizando que Washington havia violado o tratado ao instalar lançadores de mísseis de cruzeiro Tomahawk na Romênia e na Polônia.
Em julho, o presidente russo Vladimir Putin assinou um decreto suspendendo a participação de Moscou no acordo em uma resposta simétrica à iniciativa de Washington.
Assinado em 1987 pelo presidente dos EUA, Ronald Reagan, e pelo secretário-geral da União Soviética, Mikhail Gorbachev, o acordo foi o primeiro em que as duas superpotências, a União Soviética e os EUA, concordaram voluntariamente em reduzir seus arsenais nucleares, destruindo todos os mísseis balísticos e de cruzeiro lançados por armas nucleares, com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros, além de permitir inspeções para verificação.