A ameaça invisível que pode destruir a Arábia Saudita

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Enquanto o petróleo trouxe riquezas à Arábia Saudita, a falta de água ameaça o país. Os recursos hídricos poderiam acabar antes do petróleo.

No século XX a Arábia Saudita experimentou um boom de crescimento após a descoberta de petróleo em seu território. O que poucos sabem é que a água tem se tornado um recurso cada vez mais escasso no país, enquanto o consumo individual é alto e o das práticas agrícolas também.

Enquanto o petróleo se tornou a fonte de riquezas do reino, a falta de água poderá arruiná-lo. Atualmente, um morador de Riad, capital da Arábia Saudita, consome diariamente cerca de 263 litros de água. Isto é o dobro da média mundial.

Em entrevista a The Guardian, o chefe de uma das fábricas da Berain, empresa do setor de água, Ahmed Safar Asmari, fez declarações sobre os recursos hídricos na região.

"Na Arábia Saudita só há duas fontes de água: o mar e os poços profundos [...] Estamos na região central, então aqui só há poços profundos", disse Asmari.

Para ele, a Arábia Saudita não deverá enfrentar sérios problemas com água durante os próximos 150 anos. Ele acredita que no país existem recursos suficientes para abastecer a população durante esse tempo.

© AP Photo / Hassan AmmarSaudita bebe água após visitar o vilarejo de Dhi Ain a sudoeste de Riad em 13 de maio de 2009
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Saudita bebe água após visitar o vilarejo de Dhi Ain a sudoeste de Riad em 13 de maio de 2009

No entanto, nem todos os especialistas são tão otimistas. Em 2016, um especialista da Universidade Rei Faisal, na Arábia Saudita, declarou que as reservas de água não durariam mais que 13 anos.

Além disso, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês) anunciou em 2008 que os recursos hídricos do país estariam se esgotando em um ritmo muito rápido.

"A maior parte de água extraída provém de aquíferos fósseis profundos e algumas previsões sugerem que estes recursos não poderão durar mais que 25 anos", informou a organização.

Reação do governo

Por sua vez, o governo saudita tenta combater o grande consumo de água no país. Em março deste ano, o Reino lançou um programa, chamado Qatrah, que visa reduzir o consumo de água por indivíduo para 200 litros até 2020 e 150 até 2030.

Ao mesmo tempo, o governo tentou reduzir o cultivo de cereais com o fim de diminuir o gasto de água. No entanto, os produtores locais acabam por cultivar produtos agrícolas mais rentáveis, mas que também exigem grande quantidade de água.

"A Arábia Saudita está usando mais de quatro vezes a água que se renova em média", disse a doutora Rebecca Keller da Stratfor, empresa privada de inteligência e análise geopolítica.

Sendo um país pobre em chuvas e rios, a Arábia Saudita construiu em seu território 31 usinas dessalinizadoras. Com a capacidade de transformar água do mar em água potável, esses centros são responsáveis por produzir 50% do total da água consumida no país.

No entanto, as usinas também têm seu lado negro. De acordo com a Agência Internacional de Energia, em 2016 a dessalinização representava 3% da produção de água no Oriente Médio, enquanto que consumia 5% do total de energia usada na região.

Isso torna a dessalinização um processo extremamente caro e insustentável, contudo a demanda de água dessalinizada aumenta 14% por ano.

Além disso, as usinas também danificam o meio ambiente através de emissões de gases à atmosfera e põem em perigo os ecossistemas marinhos ao despejar substâncias poluentes no mar.

Keller também acrescenta que o país poderia sofisticar o uso da dessalinização ao usar energia solar no processo. Para tanto, Israel seria um parceiro ideal, já que possui experiência no setor.

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