"No caso de uma situação extremamente precária, consideraremos a questão de grupos de navios militares escoltarem nossas embarcações mercantes", declarou o embaixador chinês nos EAU, Ni Jian, segundo a Reuters.
Os EUA exercem uma forte pressão para a criação de uma coalizão marítima internacional para garantir a segurança de navegação no golfo Pérsico, que estaria ameaçada pelo Irã. Entretanto, até o momento, apenas o Reino Unido, fiel aliado dos EUA, aceitou a sugestão norte-americana.
Provavelmente, Pequim recebeu tal proposta de Washington, já que os asiáticos possuem laços com o Irã na área energética, mas também importam petróleo do principal rival iraniano, a Arábia Saudita.
Recentemente, o presidente norte-americano, Donald Trump, comentou que a China, o Japão e outros países "devem proteger seus próprios navios" na região do golfo Pérsico, onde está posicionada a Quinta Frota da Marinha dos EUA.
Segundo o cientista político Oleg Matveychev, professor da Escola Superior de Economia da Rússia, a China poderia aproveitar a oferta norte-americana para escoltar seus navios mercantes.
"A conversa sobre as ameaças aos navios no golfo Pérsico é completamente artificial. Foi criada por Trump e Israel para aumentar a pressão sobre o Irã, para falar novamente sobre sanções, para renegociar o acordo nuclear em outras condições, introduzindo outras restrições sobre o Irã, que eles veem pressionando econômica e politicamente há muitos anos. Para isso, eles recorrem a provocações e fazem todo o tipo de declarações de que é perigoso no golfo Pérsico, que algo foi capturado lá", afirmou o cientista político.
A China realmente pode aceitar a oferta norte-americana, considerar o assunto e decidir enviar navios militares para a região, o que demonstraria a força e a capacidade da China de manter uma presença em diferentes regiões, ao mesmo tempo que ajudava o Irã.
Para Chen Xiaoqin, professor da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Renmin da China, "o golfo Pérsico é uma região instável, onde conflitos locais surgem frequentemente, especialmente quando há contradições entre os EUA e o Irã [...]".
Além disso, o professor afirma à Sputnik Internacional que o país asiático precisa de garantir a segurança de navegação de suas embarcações, já que o país importa petróleo do Oriente Médio e isso pode acarretar riscos mais cedo ou mais tarde.
"[...] Temos de escoltar os navios chineses e garantir a sua segurança dentro das nossas capacidades. Uma garantia de segurança é uma garantia de ganho comercial [...]", afirma o professor.
Entretanto, o problema do petróleo afeta também os interesses políticos, militares e estratégicos da China, ressalta.