Nesta segunda-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva colocando na mira países que continuam fazendo negócios com o "regime" de Nicolás Maduro.
Em resposta às ações dos EUA, milhares de pessoas saíram às ruas de Caracas para expressar seu apoio ao presidente.
Desde janeiro, o país enfrenta uma crise política, depois do líder da oposição, Juan Guaidó, ter se proclamado presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro. Isso ocorreu duas semanas após a posse do presidente Nicolás Maduro para o segundo mandato após as eleições de maio de 2018.
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Os EUA e seus aliados acusaram o governo de Maduro de oprimir o seu povo. A jornalista canadense Eva Bartlett, no entanto, após ter visitado o país este ano, diz que isso não é verdade.
A jornalista, que também se define como "escritora independente e ativista de direitos", acrescentou que a mídia ocidental apresenta uma imagem mentirosa da situação no país sul-americano.
Bartlett visitou Venezuela com uma delegação de paz e visitou muitas áreas diferentes, muitas das áreas mais pobres. O seu grupo se reuniu com representantes da sociedade civil e representante do governo, incluindo o presidente Maduro e o ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza.
A ativista pretendia seguir para Kiev, onde acompanharia o julgamento do jornalista Kirill Vyshinsky, mas a American Airlines cancelou todos os voos para fora da Venezuela, então ela permaneceu no país.
"Então eu fui conhecer o local, não só o centro de Caracas, mas fui para o que é conhecido como o bairro mais pobre da América Latina - Petare", contou a interlocutora da Sputnik.
"E em todos os lugares que eu fui, eu vi pessoas não pareciam estar morrendo de fome. E eu vi uma loja que vendia comida, carne, queijo, legumes. Então, a minha principal conclusão foi de que a mídia estava fabricando uma crise que não existe. Há pobreza, mas a maneira como a mídia está apresentando é que todos estão morrendo de fome, todos estão comendo do lixo, e esse não foi o caso", acrescentou Bartlett.
Durante a sua estadia, ocorreram duas grandes quedas de energia, que o governo venezuelano atribuiu à interferência e sabotagem do governo norte-americano. Naquela época, embora as pessoas estivessem sem energia, e sem água, e escritora relata que as pessoas permaneceram calmas e se ajudavam.
"Por isso, fiquei feliz por estar lá naquela época, porque era uma época em que algumas das piores propagandas de guerra estavam colocadas como hype, e pude ver que essas coisas não eram verdadeiras. Tentei transmitir isso para pessoas que me seguem", afirmou a escritora.
Além de conhecer o país, a escritora tentou mergulhar na vida política da população. Assim, participou tanto de manifestações a favor do governo, quanto da oposição. Segundo ela, no entanto, as manifestações da oposição não foram fáceis de encontrar, pois pouca gente tinha comparecido nas que ela tinha sido convidada.
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"Eu queria falar com eles [oposição] porque meus colegas estiveram lá antes, quando aconteceram as manifestações maiores, e as pessoas com quem eles conversaram eram violentas, agressivas, abusivas.
Então, eu queria ouvir o que eles tinham a dizer, mas só consegui falar com duas pessoas, e uma pessoa insistiu que as eleições de 2018 eram ilegítimas, embora Jimmy Carter, do Carter Center, tenha dito que as eleições venezuelanas são as mais importantes e transparentes que ele conhece, e a outra pessoa realmente não tinha muito a dizer", explicou a canadense.
"Então, no geral, fiquem com a impressão de que as pessoas que estavam apoiando o governo estavam mais bem informadas sobre o porquê de estarem apoiando o governo, e as poucas pessoas com quem eu consegui falar do apoio a Guaidó ou da oposição só tiveram um alguns pontos de conversa, usurpação era a palavra que eles estavam usando", concluiu a jornalista.
Eva Bartlett, depois de ter conhecido o país mas de pertou, considera existir uma ampla base de apoio ao presidente Maduro e que a imprensa ocidental está distorcendo a realidade.
"Eles estão difamando a liderança em um grau extremo e ridículo, são muito abusivos. A liderança ocidental é muito abusiva quando se trata da Rússia, da Síria e da Venezuela. Eles não se limitam a criticar as políticas, eles atacam as pessoas. E também fazem uma propaganda muito exagerada sobre a realidade nas ruas. Eu concluí que a mídia ocidental está mentindo e fabricando o caos e que, infelizmente, os EUA não vão desistir", afirmou a jornalista.