Era manhã desta quinta-feira (8) quando o empresário brasileiro Eike Batista era levado da sua casa no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde há cerca de dois anos e meio cumpria medida cautelar, para cumprir novamente pena em regime fechado.
A prisão de Eike Batista ocorre em meio ao momento mais conturbado dos 5 anos de operação. Após a nomeação do ex-juiz Sergio Moro como ministro da Justiça e Segurança Pública e das mensagens trocadas entre Moro e o procurador Deltan Dellagnol divulgadas pelo site The Intercept Brasil, começaram a surgir questionamentos sobre a imparcialidade da maior operação contra a corrupção já realizada no Brasil.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Rodrigo Prando, cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que a prisão de Eike Batista mostra que a Operação Lava Jato ainda está viva, mas enfraquecida.
“A Lava Jato respira com sofreguidão, a classe política e uma parte da sociedade já não a aceitam como aceitaram nos primórdios”, disse.
Uma das derrotas recentes mais significativas da Lava Jato ocorreu ontem, quarta-feira (7), quando o Supremo Tribunal Federal impediu a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da carceragem da Polícia Federal em Curitiba para o presídio de Tremembé, em São Paulo.
“O Supremo Tribunal Federal deu um recado claro à Polícia Federal, que por sua vez está sob o guarda-chuva do Ministério do Sergio Moro. Indiretamente foi um recado para o ministro Sergio Moro”, afirmou Rodrigo Prando.
O cientista político ainda vai mais longe e diz que esse embate entre a Força Tarefa e o STF será o definidor de águas para a continuidade da Operação Lava Jato.
“[A continuidade] vai depender muito da relação que se estabelecer entre os atores políticos, o ministro [Moro] e a própria reação do Supremo Tribunal Federal”, disse.
Rodrigo Prando chamou atenção para o julgamento que acontecerá na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal em que os ministros do colegiado irão analisar o recurso da defesa do ex-presidente Lula que pede suspeição do ministro Sergio Moro após a divulgação das suas conversas com Dallagnol.
“Me parece que o elemento principal é o julgamento que o STF fará em breve da suspeição do juiz Sergio Moro em relação a condenação do presidente Lula. Se o plenário considerar que Moro exorbitou suas funções isso pode acarretar na liberdade do ex-presidente Lula”, analisou.
Após Marco Aurélio Mello ter votado contrário a suspeição, os outros ministros pediram para adiar o julgamento para data ainda indefinida.