Nessa semana, o IPCC, o painel internacional que assessora a ONU em questões ambientais, divulgou relatório sobre o uso do solo e sua relação com o clima. De acordo com o estudo, são necessárias mudanças em todos os setores, inclusive no uso da terra e na produção de alimentos, para que o planeta consiga limitar seu aquecimento até 2100 em até 2°C.
O documento do IPCC traz uma série de recomendações de "gestão sustentável de terras", como a agroecologia, conservação de florestas, agricultura orgânica e agricultura de precisão.
Em entrevista à Sputnik BrasiL, Rittl diz que o Brasil tem potencial para contribuir para a substituição dos combustíveis fósseis com sua experiência em setores como a extração de energia da biomassa e produção de etanol, desde que esse desenvolvimento seja feito de maneira sustentável.
O secretário-executivo do Observatório do Clima observa que, entretanto, o Brasil caminha atualmente na direção contrária. "De todo crédito agrícola do Plano Safra de 2019 a 2020, menos de 1% está sendo destinado para práticas [de agricultura de baixo carbono]."
Rittl também ressalta o aumento do desmatamento na Amazônia — na comparação de janeiro a julho de 2019 com os mesmos de 2018, o desflorestamento cresceu 50%, segundo compilação do Observatório do Clima com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Estamos desperdiçando nosso imenso patrimônio ambiental para enriquecer alguns poucos. A sociedade inteira paga um preço muito alto pela perda de biodiversidade, desequilíbrio do regime hidrológico e do clima", afirma.
O cientista também ressalta que os brasileiros já enfrentam os impactos da mudança climática:"De 2013 a 2017, mais de 48% dos municípios brasileiros, mais de 2.700 cidades, sofreram com secas severas. No mesmo período, mais de 31% dos municípios brasileiros sofreram com enchentes e alagamentos".