China e sua carta na manga: que faria Pequim com os títulos da dívida americana?

© AP Photo / Kin CheungRelatório do Fundo Monetário Internacional estima queda no crescimento mundial para 2020
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Guerra comercial entre a China e os EUA retoma forças. Pequim poderia ameaçar vender seus títulos da dívida dos EUA em caso extremo.

Em maio deste ano a China era o maior titular da dívida pública americana. O país detinha 1,12 trilhão de dólares em títulos, como publicou o Departamento do Tesouro dos EUA.

Em 5 de agosto, o governo chinês desvalorizou sua moeda a ponto de 1 dólar valer mais de 7 yuanes. Como consequência, as bolsas dos EUA entraram em queda.

Ao que tudo indica, o confronto financeiro e comercial entre os dois países está longe de terminar.

A posição de maior credora dos EUA dá à China uma carta na manga. Se o país desejar vender seus títulos da dívida a consequência será a desvalorização deles. Isso implicaria sua queda nas bolsas americanas e o aumento da taxa de juros no país, noticiou a CNN.

Mesmo assim, segundo o analista do banco de investimentos BKS Premier, Anton Pokatovich, tal ação seria feita de maneira muito limitada. Para Pokatovich, a redução brusca do preço dos títulos poderia causar impactos na própria economia chinesa.

"Provavelmente, ambos os países entendem todos os efeitos destrutivos que uma guerra comercial de pleno valor poderia ter sobre suas economias", disse o analista em entrevista ao site Gazeta.ru.

O simples fato de a China ter tal carta na manga é por si mesmo o fato mais importante, afirmou o economista russo Anton Tabakh na mesma entrevista.

"Está comprovado que este método funciona. Não obstante, a Reserva Federal (dos EUA) tem possibilidades para resistir a tais ataques da China. Por isso, é mais provável que Pequim só ameace Washington com o uso de sua arma", ressaltou Tabakh.

O economista também ressalta três razões para o gigante asiático não se desfazer dos títulos da dívida pública americana.

  • Sua venda não causaria o efeito esperado.
  • Tal estratégica tenderia a afetar a economia chinesa pela redução do fluxo de divisas.
  • Pequim não possui alternativas para depositar seus recursos financeiros.

"O Banco Central da Rússia pôde retirar seus recursos da dívida americana e invertê-los em yuanes e ouro, mas o possível investimento de reservas chinesas na compra de ouro é capaz de desestabilizar o mercado", destacou Tabakh.

No futuro, provavelmente a China recorrerá a futura desvalorização do yuan, prevê Pokatovich. Este método ajudaria Pequim a diminuir a pressão exercida sobre sua economia e impedir a fuga de capitais.

"A depreciação do yuan até 8 unidades por dólar provocará o fortalecimento da moeda americana frente à maior parte de divisas mundiais e desferirá um duro golpe nas exportações dos EUA", concluiu Pokatovich.

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