O anúncio foi feito pela ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, ao jornal "Tagesspiegel", e a justificativa foi que a decisão "reflete a grande preocupação com o aumento do desmatamento na Amazônia brasileira".
"A política do governo brasileiro na região Amazônica deixa dúvidas se ainda se persegue uma redução consequente das taxas de desmatamento", declarou a ministra.
Para Adriana Ramos, ex-integrante do Comitê Orientador do Fundo Amazônia e membro do Comitê de Gestão Estratégica do Instituto Socioambiental (ISA), a reação do governo alemão à politica ambiental do governo de Jair Bolsonaro é compreensível.
"São várias iniciativas nas quais a Alemanha é colaboradora do Brasil e esse anúncio demonstra a preocupação do país com as políticas que o Brasil tem sinalizado. Nós estamos demonstrando que não queremos manter as políticas ambientais que foram bem sucedidas até hoje e a reação do governo alemão é compreensível nesse quadro", disse à Sputnik Brasil.
Adriana Ramos disse que o congelamento promovido pelo governo alemão pode dificultar a aprovação do acordo entre Mercosul e União Europeia.
"Essa sinalização demonstra que o governo alemão não vai flexibilizar as suas salvaguardas e seus parâmetros ambientais na relação com o Brasil, o que é grave para as expectativas que o nosso país tem no acordo do Mercosul com a União Europeia e para todos aqueles exportadores do Brasil que exportam para países como a Alemanha", afirmou.
Em nota, a embaixada alemã no Brasil explicou que "a suspensão só concerne recursos que foram destinados a novos projetos financiados pelo Ministério Federal do Meio Ambiente. Os projetos financiados pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, incluindo o Fundo Amazônia, estão prosseguindo".
O presidente Jair Bolsonaro disse que o congelamento de recursos significa que a Alemanha "vai deixar de comprar à prestação a Amazônia".
"[A Alemanha] Não vai mais comprar a Amazônia, vai deixar de comprar à prestação a Amazônia. [Eles] podem fazer bom uso dessa grana, o Brasil não precisa disso", afirmou Bolsonaro.
Adriana Ramos criticou a fala de Bolsonaro e explicou que o Brasil sempre dependeu de recursos estrangeiros para a política de defesa do meio ambiente brasileiro.
"Essa sempre foi uma área que a cooperação internacional cumpriu um papel muito importante, dizer que o Brasil não precisa dos recursos da Alemanha é praticamente assumir que todas aquelas iniciativas que precisam daquele recurso vão acabar sem que o país valorize que elas existam", completou.