De adesão opcional, o Future-se facilita a captação de recursos privados pelas universidades federais. Para fazer parte, é necessário contratar uma organização social e, segundo o Ministério da Educação (MEC), a ação "permitirá o aumento da autonomia financeira das instituições federais de ensino". A iniciativa também prevê a cessão de uso e concessão de imóveis da União, a criação de um ranking que servirá como critério para concessão de prêmios, autoriza a venda de direitos de uso de nomes em órgãos das universidades, entre outras medidas.
#FutureSe | O programa foi lançado para modernizar a gestão financeira das universidades e institutos federais. A população pode colaborar com o projeto do MEC, que vai se tornar uma proposta de mudança legislativa. Acesse a consulta pública até 15/08: https://t.co/jHn79jnreq pic.twitter.com/Z8Z802LDqA
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) 20 de julho de 2019
A Sputnik Brasil entrevistou um professor universitário da iniciativa privada e outro de universidade pública — e ambos consideraram que faltam informações sobre o programa do MEC.
Benedito Aguiar, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras e reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, avalia que o Future-se tem "intenções nobres" e que acerta ao tentar aumentar a produção de inovação da academia brasileira, mas avalia que ele foi apresentado de maneira "não muito clara".
"O projeto até agora é um conjunto de ideais, materializar esse conjunto de ideais não é algo tão trivial. Creio que a partir desse conjunto de ideias, criando uma sinergia entre governo, universidade e aqueles que demandam a inovação, creio que podemos ter um resultado muito positivo", afirma Aguiar à Sputnik Brasil.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu por meio do seu Conselho Universitário não aderir ao Future-se e emitiu nota criticando o projeto.
O diretor da Associação de Docentes da UFRJ, Felipe Rosa, diz que o Future-se foi apresentado sem diálogo com a comunidade acadêmica e que o Observatório do Conhecimento, uma rede de associações e sindicatos de professores de universidades de diferentes estados, foi até Brasília para buscar o MEC, mas foi recebido com um "cadeado na porta".
"O Future-se é um projeto de educação superior e não tem nenhuma política específica de educação", diz Rosa à Sputnik Brasil.
O diretor da Associação de Docentes da UFRJ diz que os cortes orçamentários no Ministério da Educação ameaçam o futuro da maior universidade federal do Brasil: "Os cortes vão impedir que a gente termine o semestre letivo com todas as funcionalidades que a universidade precisa para funcionar."
Segundo levantamento do Nexo, o Governo Federal bloqueou R$ 1,7 bilhão em recursos do ensino superior federal em março deste ano. À época, Weintraub disse que a medida foi tomada por conta da "balbúrdia" nas instituições de ensino. Posteriormente, o ministro da Educação recuou e disse que o corte obedeceu a critérios técnicos.