Segundo informa o portal do Arquivo, o relatório contém documentos dos "mais altos níveis da União Soviética", protocolos e diários das sessões do Politburo logo após a catástrofe, assim como detalha os pormenores do encobrimento e mobilização.
As "reações desclassificadas da inteligência do Departamento do Estado dos EUA" também foram incluídas.
Todos deveriam ter morrido?
Segundo o relatório de 2 de maio de 1986, destinado para o secretário de Estado George Shultz, nos primeiros dias após a catástrofe os serviços de inteligência dos EUA duvidaram da veracidade dos relatos oficiais sobre a quantidade de vítimas.
Eles tiraram suas conclusões com base nas fotografias das destruições no 4º reator da usina nuclear.
"Toda a comunidade de inteligência considera como um disparate terem morrido só duas pessoas", escreve o assistente do secretário do Estado para questões de inteligência e pesquisas, Morton Abramowitz.
Segundo ele, o turno diurno no reator contava com cerca de 100 pessoas e o turno noturno – com 25-35. Abramowitz notou que os reatores nº 3 e 4 estão localizados perto um do outro, por isso, durante o dia estariam cerca de 200 pessoas perto do reator e durante a noite até 70.
Então, a inteligência afirmou que "todos os que estavam na proximidade imediata do epicentro da explosão teriam morrido imediatamente ou recebido doses de radiação incompatíveis com a vida".
A visão de testemunhas
O ex-militar soviético e chefe da operação para eliminação dos elementos radioativos das zonas extremamente perigosas da usina nuclear de Chernobyl, Nikolai Tarakanov, considerou os dados publicados como uma "invenção louca".
"Logo após a explosão não houve nenhuma grande quantidade de mortos", disse Tarakanov à Sputnik.
Ele notou que durante as primeiras horas após o acidente morreram só duas pessoas, e só depois, em maio e junho de 1986, cerca de 30 pessoas morreram por causa de radiolesões.
'Secretismo' rodeia o desastre
O relatório também inclui protocolos do Grupo Operacional do Politburo sobre Chernobyl, publicados na Rússia ainda em 1992 pela jornalista Alla Yaroshinskaya, e começa com um ensaio "escrito especialmente para esta publicação" da jornalista, que revisa a história de Chernovbyl e revela as "mentiras e secretismo que rodeavam o desastre", escreve o portal.
O portal indica que esta é a primeira parte da publicação documental sobre a história de Chernobyl.
A catástrofe ocorreu em 26 de abril de 1986, quando o 4º reator nuclear da usina de Chernobyl explodiu.