Segundo o Vem Pra Rua, foram realizados atos em 83 cidades com os seguintes lemas: veto ao projeto de lei de abuso de autoridade, nomeação de Deltan Dallagnol como Procurador-Geral da República (PGR), manutenção do ex-presidente Lula na cadeia e impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.
Além da agenda oficial, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi um dos alvos preferenciais. O Vem Pra Rua colocou um carro de som em frente da casa do congressista, em São Conrado, para "constranger" Maia, afirma a advogada e porta-voz do movimento Vem Pra Rua no Rio, Adriana Balthazar.
Acompanhada de seu segurança particular, Balthazar diz considerar uma "vergonha" a recente aprovação da lei do abuso de autoridade. Ela puxou coro em defesa do ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, e disse que Bolsonaro deveria apoiar Dallagnol para a PGR:
"Bolsonaro poderia deixar a população mais tranquila que as escolhas dele estão sendo feitas junto com o ministro da Justiça, para que não haja retrocesso no combate à corrupção e impunidade."
O ato acontece na frente da casa de Maia, no Rio de Janeiro. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, é homenageado pelos manifestantes. pic.twitter.com/vEAwJeQ8H4
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) August 25, 2019
Favorito e nome de Moro para o cargo, Dallagnol não é bem visto pelo presidente. Em seu perfil oficial no Facebook, Bolsonaro compartilhou publicação em que classifica o chefe da força-tarefa da Lava Jato de "esquerdista estilo PSOL".
Balthazar pediu, do carro de som, para os manifestantes aplaudirem a Polícia Militar, levantou o coro de "nossa bandeira jamais será vermelha" e criticou a proposta de Maia de usar os R$ 2,5 bilhões do fundo da Petrobras para conter as queimadas na região amazônica. A porta-voz do Vem Pra Rua no Rio disse que, ao invés dos recursos da Petrobras recuperados pela Lava Jato, Maia deveria usar dinheiro do fundo partidário.
Ela, contudo, disse que não iria entrar no "mérito" da discussão sobre as queimadas na Amazônia e foi acompanhada por um grito de "a Amazônia é nossa" do grupo de cerca de 100 pessoas que acompanhava o ato em São Conrado.
Outro núcleo, mais numeroso, das manifestações bolsonaristas deste domingo se reuniu na Praia de Copacabana. Carros de som próximos do Vem Pra Rua defenderam a interpretação do artigo 142 da Constituição que, na visão dos manifestantes, abriria caminho caminho para uma intervenção militar das Forças Armadas.
Antônio Marcos é paraquedista da reserva das Forças Armadas e defensor do uso do artigo 142 para "limpar o que está aí e promover uma nova eleição". Ele também afirmou que um "tribunal militar para julgar os traidores da pátria" seria necessário e que o STF é "o lugar mais corrupto" do Brasil.
Um grupo de paraquedistas da reserva uniformizados com camisa preta das Forças Armadas participou do ato e um dos seus membros filmou a entrevista de Marcos com a Sputnik Brasil.
Integrante do núcleo do Vem Pra Rua no Rio de Janeiro, o engenheiro Sérgio Bruno não acredita que a posição de Marcos seja autoritária: "Não temos nenhuma crítica a fazer, até porque isso é um artigo da Constituição, não temos posição oficial sobre isso".