As autoridades iranianas propuseram reabrir o oleoduto Kirkuk-Baniyas através do Iraque. Seria um elemento crucial para a criação de um sistema de abastecimento de petróleo à Europa, independente dos EUA, dizem especialistas.
O Irã propôs ao Iraque a reabertura do oleoduto até ao porto sírio de Baniyas, no mar Mediterrâneo, para "contornar as sanções estadunidenses e não utilizar o estreito de Ormuz, já que existem cada vez mais receios sobre o seu fecho, no caso de confrontos militares entre os EUA, seus aliados e o Irã", informa o canal de televisão iraquiano Alsumaria.
Desde há muito que um corredor terrestre de hidrocarbonetos na região do Mediterrâneo é muito importante para o Irã, assinala Leonid Krutakov, professor e cientistas politico da Universidade Financeira da Rússia, citado pelo diário russo Vzglyad.
O especialista lembra que a guerra civil na Síria começou pouco tempo depois de o Irã Iraque e Síria terem assinado em 2011 um memorando para construção de um gasoduto a partir do campo iraniano South Pars até à Europa.
Este oleoduto permitiria dispensar o gás liquefeito promovido pelos EUA no mercado europeu explica o cientista político.
Devido à guerra na Síria, os planos anteriores de construção de um gasoduto foram suspensos. Sensivelmente na mesma altura, foram discutidas as perspectivas da rota Kirkuk-Baniyas, mas, após a deterioração da situação na Síria e no Norte do Iraque, estas negociações foram adiadas.
Restauração do oleoduto aumenta as apostas no jogo sírio
Atualmente, o Irã volta a propor reabrir o oleoduto até ao porto sírio de Baniyas, na costa do Mediterrâneo. Pouco tempo antes, as autoridades da república islâmica tinham anunciado a sua vontade de fechar o estreito de Ormuz se os EUA continuarem pressionando o país com sanções.
É pouco provável que a intenção do Irã de reabrir o oleoduto levem os EUA a invadir o país persa, mas estes planos sobem enormemente as apostas no jogo sírio, diz Krutakov.
O referido oleoduto é um dos elementos importantes na rede de abastecimento da Eurásia, que conduzirá à criação de um sistema, independente dos EUA, para o fornecimento de recursos energéticos à Europa.
"É difícil dizer em que estado se encontra o oleoduto agora, no entanto, restabelecer uma instalação deste tipo é, em qualquer caso, muito mais fácil do que construir uma nova. Se esta não for uma tentativa de provocar os EUA a realizar determinadas ações, então o projeto parece ser bastante realista", opinou o especialista.
Petróleo continua sendo motor da economia mundial
O analista destaca que sempre haverá compradores de petróleo na Europa. "O petróleo continua sendo o motor da economia moderna, digam o que disserem sobre as fontes de energia alternativas".
Entretanto, no mês passado, o Irã, a Síria e o Iraque concordaram em criar um corredor de transporte multimodal como parte do alargamento das relações comerciais entre si, o que não deixa de ser mais um sinal de que estes países estão regressando aos planos interrompidos pela guerra, conclui o artigo.