Em entrevista à Sputnik Mundo, o especialista militar russo Aleksei Leonkov explicou se Washington seria capaz de ganhar a batalha espacial.
A expansão militar no espaço por parte do EUA não é nenhuma novidade, os primeiros passos na guerra armamentista no cosmos foram dados durante a época da Guerra Fria.
Em setembro de 1985 foi criado o Comando Espacial. Depois dos atentados de 11 de setembro, Washington se concentrou na segurança interna. Por esta razão, o comando deixou de existir em outubro de 2002.
Com a chegada da Administração Trump, os EUA voltaram a prestar muita atenção ao espaço. Em 2018 foi anunciado que o Spacecom seria reestabelecido e a promessa se tornou verdade no passado dia 29 de agosto. A nova autoridade irá se ocupar de proteção dos interesses vitais dos EUA no espaço. Assim disse o próprio Trump.
Embora a determinação do presidente estadunidense seja clara, o futuro do Spacecom é incerto. A habilidade das forças dos EUA para combater na arena espacial dependerá das suas capacidades tecnológicas na criação de armas espaciais, afirmou Aleksei Leonkov, diretor da revista russa Arsenal Otechestva (Arsenal da Pátria).
Washington persegue política de militarização do espaço
Segundo as observações de Leonkov, em 2002 a corporação RAND, um think tank dos EUA, publicou um relatório sobre os diferentes tipos de armas que poderiam ser lançadas ao espaço. Ela se focava no uso de armas laser, armas cinéticas que podem neutralizar mísseis balísticos intercontinentais, armas cinéticas colocadas no espaço para eliminar alvos terrestres e diferentes tipos de armamento eletrônico.
Washington aposta atualmente no desenvolvimento da componente de militarização do espaço mais fácil de melhorar – os satélites. Entretanto os EUA estão também trabalhando no desenvolvimento de portadores que levariam estas armas ao espaço.
"É possível que durante a primeira fase sejam enviados ao espaço sistemas cinéticos para serem lá testados. O teste consistiria de um ataque contra alvos balísticos. Além disso, vão tentar executar um ataque à superfície a partir da órbita. Estes são objetivos que podem ser realizados em curto prazo", disse o especialista militar.
A possível data de aparecimento de protótipos dos referidos sistemas espaciais é entre 2024 e 2025, opinou Leonkov. EUA têm um protótipo da aeronave espacial X-37B, que poderia servir como portador de armas ao espaço.
A resposta da Rússia
O diretor-geral da agência espacial russa Roscosmos, Dmitri Rogozin, respondeu às palavras de Trump no sentido de que o espaço irá se transformar no próximo campo de batalha. "Ninguém tem dúvidas que será assim. Todos estamos concentrados nisso", disse Rogozin.
De acordo com Leonkov, a Rússia está desenvolvendo um agrupamento militar de satélites. Trata-se de aparelhos de reconhecimento, de navegação e marcação de alvos, de comunicações, entre outros. É a principal tarefa do Ministério da Defesa russo, afirmou.
A Defesa russa não está realizando atualmente projetos de criação de armas espaciais, porque respeita o princípio que o espaço deve estar desmilitarizado. Em 2011, Moscou convidou os EUA a se unirem à sua iniciativa de renunciar à militarização do espaço, mas os americanos não apoiaram a ideia.
"Durante muitos anos Washington persegue sistematicamente uma política de militarização do espaço. Por enquanto não está claro se consegue alcançar seus objetivos, mas é óbvio que estão dando passos nessa direção. Não têm tido muito êxito com os sistemas hipersônicos e não têm experiência com sistemas nucleares de produção de energia. Mantemos a esperança de que os estadunidenses se limitem a criar um agrupamento de satélites", sublinhou Leonkov.