Após Jair Bolsonaro afirmar que vai pedir a revisão da demarcação de terras indígenas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que não discutirá o tema, que classificou como polêmica desnecessária.
O cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Fundação Getúlio Vargas(SP), Maurício Fronzaglia, em entrevista à Sputnik Brasil, comentou se a questão indígena poderá voltar a acirrar os ânimos entre Maia e Bolsonaro, relações que já estiveram bem estremecidas.
"Esse é mais um ponto onde eles vão divergir. Porque foi aprovada na semana passada uma proposta de emenda constitucional que muda a legislação sobre a demarcação de terras indígenas. Agora, tendo sido aprovada na Comissão de Justiça, ela pode ir plenário", afirmou.
Segundo ele, como a proposta sobre a demarcação de terras indígenas é um assunto delicado e gera muita discussão, pode não ser bom para o governo que esta pauta vá a plenário.
"Não é um assunto simples de ser votado. Essa é a visão do presidente da Câmara, que já está com uma agenda bem cheia em relação às reformas que o presidente quer colocar, e pra ele esse assunto seria uma polêmica desnecessária numa hora que você já tem uma agenda cheia", observou.
"Ao invés de concentrar esforços na reforma tributária, que seria algo melhor para o governo, ele fica perdendo o tempo nessas polêmicas com outros assuntos, que até fizeram parte da sua eleição. Ele tem uma parte do governo que é muito ligada ao setor agro, mas esse assunto é delicado mesmo dentro desse setor. Então seria uma polêmica desnecessária numa hora que o governo não tem tanta força no Congresso Nacional", acrescentou o especialista.
Rodrigo Maia, o 'moderado'
Em meados de junho, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em havia declarado que o governo Bolsonaro "não tem uma agenda formulada" e que o país está "caminhando de forma rápida para o colapso social", além de já ter afirmado anteriormente que o governo não tinha uma agenda.
Ao comentar a tensão entre Rodrigo Maia e o governo, o cientista político Maurício Fronzaglia observou que "a visão do governo acaba sendo muito mais radical do que o próprio Congresso, e o presidente da Câmara tem tratado dos assuntos mais polêmicos de uma maneira mais racional e mais moderada, e a forma do presidente da República é mais passional e mais agressiva".
"Então eu vejo que nessa situação que quem está colocando uma voz de racionalidade e moderação é o presidente da Câmara", completou.