O comentário ácido foi feito no avião papal durante viagem de Roma para Maputo, capital de Moçambique, onde o pontífice iniciará uma peregrinação de sete dias pelo sul do continente africano. A visita também inclui Madagascar e Ilhas Maurício.
O livro em questão, "How America Wants to Change the Pope” (Como a América Quer Mudar o Papa, em tradução livre), foi oferecido a bordo a Francisco pelo seu próprio autor, Nicholas Seneze, que cobre o Vaticano para o jornal católico francês La Croix.
Após receber o exemplar, o Papa o entregou a um ajudante e acrescentou, segundo publicou a agência AP: "isso é uma bomba". Ao dar o livro a Francisco, Seneze disse que sua intenção ao escrevê-lo foi mostrar os problemas enfrentados pelo pontífice nos EUA, e como o líder religioso respondeu com "armas espirituais".
A obra fala sobre a forte oposição que Francisco sofre entre a direita conservadora americana devido as suas posições em temas como imigração, meio ambiente, China, capitalismo, pena de morte e divórcio. Muitos chegam até mesmo a acusar o Papa de heresia.
Entre os mais ferozes críticos do pontífice estão o cardeal Raymond Burke, que foi afastado de seu cargo na Suprema Corte do Vaticano, e o ideólogo de extrema-direita Steve Bannon. Além disso, a mídia católica conservadora e fiéis ricos ajudam a promover uma campanha para enfraquecer Francisco, mirando ainda a eleição de um papa conservador no futuro.
Mais tarde, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, procurou esclarecer os comentários do Papa, afirmando que eles foram feitos num "contexto informal" e que Francisco sempre recebe bem as críticas.
"O Papa quis dizer que sempre considera as críticas uma honra, particularmente quando vem de pensadores competentes, e nesse caso de um país importante", disse Bruni.