Com aliado de Bolsonaro fora do governo, Itália quer se reaproximar da União Europeia

© AP Photo / Alberto PellaschiarPrimeiro-ministro italiano Giuseppe Conte durante conferência de imprensa no Palácio Chigi em Roma
Primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte durante conferência de imprensa no Palácio Chigi em Roma - Sputnik Brasil
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O novo governo italiano, uma coalizão aparentemente antinatural entre o Movimento Cinco Estrelas (M5S) e o Partido Democrata (PD), é um grande passo em direção à normalização e maior aproximação com a União Europeia (UE), especialmente em termos de migração.

Foi o que disse à Sputnik na quarta-feira o líder do partido político Centro Democrático e membro do partido Mais Europa, Bruno Tabacci.

No início do dia, o primeiro-ministro Giuseppe Conte anunciou a lista de ministros do governo no governo de coalizão M5S-PD. A cerimônia de posse será realizada nesta quinta-feira.

"Conheço bem as pessoas que foram chamadas para formar o governo. Este é um novo governo, um ponto de virada. Eu acho que será um bom governo", afirmou Tabacci.

Ele expressou confiança de que o novo governo teria um desempenho melhor do que o anterior ao estabelecer melhores relações com a União Europeia.

"Esse governo em si já é um passo em direção ao diálogo com a Europa. O ministro da Economia [Roberto] Gualtieri até agora foi presidente de uma comissão parlamentar no Parlamento Europeu, a da economia e das finanças. Portanto, é claro que, ao contrário do governo com [o vice-primeiro ministro e o ministro do Interior, Matteo] Salvini, esse governo deve poder falar com a Europa", avaliou Tabacci.

Salvini era parte do governo anterior do país. Aliado do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, ele já anunciou um protesto como parte do seu movimento de oposição à atual aliança que passou a governar a Itália.

© AP Photo / Domenico StinellisMatteo Salvini durante uma conferência de imprensa em Roma
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Matteo Salvini durante uma conferência de imprensa em Roma

Imigração

O líder do partido político Centro Democrático enfatizou particularmente a necessidade de reformar as políticas de imigração da Itália de acordo com as práticas comuns da UE e expressou esperança de que a nova Ministra do Interior Luciana Lamorgese, dada sua formação profissional, enfrentasse o desafio.

"Só espero que Lamorgese traga alguma clareza aos assuntos de imigração, porque o que aconteceu nos últimos 14 meses foi devastador: portos fechados, portos abertos, navios proibidos de entrar etc. Não causamos boa impressão. Portanto, é claro que é necessário trazer alguma ordem à questão dos migrantes, tendo o cuidado de implementar uma política europeia, porque o tema dos migrantes não é apenas a Itália, mas a Europa como um todo. Lamorgese era a prefeita de Milão, ela sabe muito bem como o estado funciona e acho que ela será uma excelente ministra do Interior. Ela certamente não realizará comícios como seu antecessor, e não participará da campanha eleitoral. Acho que ela passará algum tempo no ministério, e esse já é um grande passo em frente", acrescentou Tabacci.

Quanto às relações com a Rússia, o legislador disse que a Itália provavelmente continuaria agindo de acordo com os compromissos da UE e da OTAN.

"As relações com a Rússia não podem ser decididas apenas pela Itália. A Itália faz parte da União Europeia e também tem uma parceria transatlântica de longa data. Não pode ser quebrado por nenhum ministro. Temos um relacionamento estratégico com os Estados Unidos e com os países que aderem à OTAN. Então esse é o contexto em que devemos enfrentar a questão das relações com a Rússia", explicou Tabacci.

O antigo governo da Itália entrou em colapso em agosto, quando Salvini retirou seu partido da coalizão rasa com o M5S, no que muitos viram uma tática para iniciar uma votação geral, conforme prescrito pela lei em tais casos, e explorar a popularidade de seu partido para tornar-se primeiro-ministro. Após longas consultas do presidente Sergio Mattarella com outros partidos políticos, no entanto, os eventos seguiram um cenário diferente, com o rival M5S e PD concordando em formar uma coalizão.

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