O documento foi assinado pelo ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, e o ministro da Produção e Trabalho da Argentina, Dante Sica, nesta sexta-feira (6).
A Argentina é o maior cliente da indústria automotiva brasileira, porém nos últimos anos a crise econômica que passa o país vizinho fez as vendas registrarem quedas.
A dificuldade na economia argentina, que recentemente teve de recorrer ao FMI, é o grande motivo que levou os dois governos a fixarem o prazo de início do acordo para somente daqui a dez anos, segundo a análise de Antônio Jorge Martins, economista, coordenador do curso de MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
"Esse novo acordo ele dá o prazo para que a Argentina consiga sair dessa crise que ela atravessa, no sentido de permitir que quando ela entrar nesse eixo de maior competitividade ela tenha total condições e não se ressinta de problemas políticos que hoje assolam a economia da Argentina", disse à Sputnik Brasil.
Antônio Jorge Martins projeta que a crise econômica enfrentada pela Argentina não irá se resolver em um curto prazo.
"O momento atual não está sendo nada favorável para a Argentina, a situação está mais crítica para a Argentina do que para o Brasil, e essa situação tende ainda a permanecer durante algum prazo, ela não vai se resolver em um mês ou dois meses', disse.
Segundo o economista, a ideia de um acordo de livre comércio entre os dois países é positiva e faz com que excedentes produzidos pela Argentina ou pelo Brasil tendem a ser escoados entre eles a partir de 2029.
"Nós temos um grande número de empresas que abastecem tanto o Brasil quanto a Argentina, isso de uma forma geral vai facilitar com que seja o Brasil o país prioritário no atendimento daquela demanda que não está sendo atendida pelas fábricas locais e vice-versa", completou.
O novo acordo automotivo entre os dois países foi firmado no âmbito do Acordo de Complementação Econômica Nº 14 (ACE 14). O protocolo prorrogará, por tempo indeterminado, a vigência do acordo automotivo bilateral, previsto, anteriormente, para durar até 30 de junho de 2020.
ANFAVEA
Em nota à Sputnik Brasil, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) afirmou que, "embora o livre comércio só esteja previsto para entrar em vigor em julho de 2029, esse escalonamento de 10 anos traz um cenário de previsibilidade e segurança jurídica para a indústria automobilística. Durante esse prazo, o incremento contínuo do flex poderá acomodar eventuais flutuações desses dois mercados, até que o livre comércio coloque nosso bloco em linha com outros acordos bilaterais."