A reunião será neste fim de semana, em Lisboa, onde Zeca Dirceu cumpre também agenda de eventos voltados para a educação. De acordo com o deputado, o encontro com os políticos portugueses vai tentar perceber quais são as visões em Portugal sobre o acordo.
Para Zeca Dirceu, é preciso ter certeza de que o acordo não é "mais uma peça de ficção de Bolsonaro".
"Bolsonaro está acostumado a trabalhar com fake news institucional, não é? A maneira como ele conduziu essa questão ambiental, a maneira como ele reagiu a essa questão da Amazônia, não é condizente com quem quer fazer um acordo desta envergadura. Será que é para valer mesmo? Será que ele não está só jogando uma coisa no ar para desviar as atenções e ter uma notícia positiva para ficar vinculando no momento em que ele só está colhendo notícia negativa?", declara o deputado à Sputnik Brasil.
O deputado considera que falta transparência sobre detalhes do acordo. "O governo não divulga, não dá nem sinais do que entende desse acordo, do que acha que é vantagem, prejuízo. Acho que estar aqui é uma oportunidade de conhecer outro lado, outra perspectiva, que no Brasil não está sendo contada."
No entanto, Zeca Dirceu ressalta que vê aspectos positivos, principalmente para a agricultura. Além disso, considera que a união entre os dois blocos pode lidar com as instabilidades causadas pela política do governo do presidente norte-americano Donald Trump. "O mundo vive um momento de muita disputa. Quanto mais fragmentados forem os países e os blocos, mais insanidades os Estados Unidos e Trump podem conduzir. Acho que um bloco muito grande, como seria o da União Europeia e do Mercosul, equilibra as coisas. Acho que a gente sozinho como país fica muito fragilizado."
'Crimes' contra a educação
Na quinta-feira (5), antes de um debate sobre educação na Casa do Brasil de Lisboa, Zeca Dirceu defendeu que é "muito ruim a maneira como o governo pegou a educação como inimiga, como uma área que precisa ser atacada, desideologizada, 'despetizada', totalmente sem propósito. A maneira como retirou orçamentos inviabilizou funcionamentos de muitas ações e muitas áreas".
Membro das Comissões de Educação e de Orçamento do Congresso Nacional, Zeca Dirceu classifica a proposta do Future-se como "criminosa". De acordo com a definição do Ministério da Educação, o programa deve "promover maior autonomia financeira nas universidades e institutos federais por meio de incentivo à captação de recursos próprios e ao empreendedorismo".
No entanto, para o deputado, "quando a gente vai ler a lei, eles querem é terceirizar a responsabilidade para uma organização social que ninguém sabe bem como vai ser, porque não está na lei como ela vai ser, quem vai compor ela. Uma organização social privada que vai ter poder de planejar, pensar, executar e fiscalizar o funcionamento da educação pública do país. É o que precisa ser combatido, denunciado".
Para Zeca Dirceu, as questões relacionadas a universidades e institutos superiores são as que têm ganhado mais destaque, mas a educação básica também precisa de atenção.
"O Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] vence em 2020. É o que mantém 70% do financiamento da educação básica e o governo não mexeu uma agulha para resolver isso."
Zeca Dirceu acredita que a PEC que propõe tornar o fundo permanente tem uma "chance muito grande, porque tem deputados do PT, do PSDB, do DEM, do PSL, apoiando a ideia".