No entanto, tanto Moscou como Washington negam as informações, classificando-as falsas.
Oleg Smolenkov, que já trabalhou como funcionário público russo e que foi denominado pela mídia como informante dos EUA no Kremlin, nunca trabalhou na administração presidencial da Rússia, declarou a secretária de Imprensa do Gabinete do Presidente da Federação da Rússia, Elena Krilova, aos jornalistas.
Novo escândalo de espionagem
"A narrativa da CNN sobre a Agência Central de Inteligência tomar decisões de vida ou morte se baseando em qualquer coisa, menos em análises objetivas e coleção de áudios, é simplesmente falsa", declarou a diretora de Relações Públicas da CIA, Brittany Bramell.
Presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que não tinha conhecimento sobre o informante, enquanto a CIA negou as informações da CNN, chamando-as de falsas e perigosas.
A CNN informou que Oleg Smolenkov foi um dos mais influentes informantes a ocupar um alto cargo no governo russo, por sua vez, o jornal The New York Times escreveu que a fonte fornecia informações sobre a alegada interferência da Rússia nas eleições dos EUA em 2016.
Smolenkov, que anteriormente trabalhava na Embaixada da Rússia nos EUA, desapareceu com a família em 2017 durante as férias em Montenegro. De acordo com relatos, o ex-funcionário foi mais tarde encontrado em outro país, porém não há relatórios oficiais sobre o caso.
Em abril de 2019, o assessor especial dos EUA, Robert Mueller publicou um relatório sobre uma suposta intromissão russa na eleição presidencial de 2016. Em um dos principais pontos do documento, ele afirmou que os encontros entre membros da equipe de Trump com cidadãos russos não poderiam ser classificados como conluio.
A extração de um alegado informante no Kremlin deixou a CIA sem informações em relação às intenções de Moscou, fazendo com que o recrutamento de espiões se tornasse muito mais complicado, tudo graças à incessante atenção da mídia dos EUA.
Quem era o informante de acordo com mídia dos EUA
Uma fonte da CIA, que os serviços de inteligência dos EUA retiraram da Rússia em 2017, tinha sido recrutada havia décadas, escreve The New York Times. Segundo o jornal, a pessoa foi recrutada quando ele ainda era funcionário público de nível médio, avança o jornal.
Pouco tempo depois de ter sido recrutado, o informante começou a avançar "rapidamente" na carreira até que chegou a uma "posição de influencia" com "acesso ao nível mais alto do Kremlin".
A fonte ficou na berlinda após os principais meios de informação dos EUA começarem a investigar a alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. Ansiando por lançar sujeira contra Trump, a mídia começou a pegar detalhes sobre as fontes da CIA no Kremlin.
A atenção da mídia teria alegadamente forçado a CIA a extrair seu fornecedor de informações. Inicialmente, o informante supostamente teria recusado a proposta da CIA feita em 2016, mencionando preocupações pela sua família.
A agência de inteligência dos EUA não aceitou a sua fundamentação suspeitando que ele fosse um agente duplo. Isto, por sua vez, iniciou uma dupla verificação das informações enviadas por ele para Langley (sede da CIA). Em 2017, a agência norte-americana insistiu para que a fonte fosse retirada e desta vez o informante concordou.
Segundo o The New York Times, recrutar espiões no Kremlin é extremamente difícil graças ao serviço russo de contraespionagem ser muito eficiente. O presidente russo, Vladimir Putin, que é um ex-oficial da inteligência, só confia em um círculo muito restrito de pessoas e evita comunicações por meios eletrônicos.
A fonte da CIA não pertencia a este círculo de pessoas, mas "via [o presidente] com regularidade e tinha acesso aos processos decisórios tomados por altos cargos no Kremlin''.
A informação providenciada pela fonte era tão importante, de acordo os relatos, que John Brennan, o diretor da CIA naquela altura, excluiu a informação dos relatórios diários destinados ao então presidente dos EUA, Barack Obama, enviando-a separadamente em um envelope selado.
A extração do informante causou um golpe significativo à inteligência, relata o jornal. Não só terminou com a carreira do homem na espionagem, como também deixou os serviços de inteligência às cegas quanto às atividades no Kremlin e fez com que o futuro recrutamento de espiões se tornasse mais complicado.
De acordo com informações da CNN, o informante teria sido extraído por receios que a utilização inadequada de informações confidenciais por Donald Trump pudesse revelar sua identidade. No entanto, segundo The New York Times, citando ex-funcionários da inteligência e atuais fontes governamentais anônimas, não havia evidências para tais alegações e a única razão da extração teria sido a atenção exagerada da mídia.