O ministro das Relações Exteriores da Rússia observou, em entrevista ao Instituto Nacional de Informação do Suriname, que a região da América Latina e do Caribe está agora sob forte pressão.
"As tentativas dos EUA de reformatar o cenário político da América Latina à sua medida, no espírito da ressuscitada doutrina Monroe, causam grande preocupação. Em essência, Washington se arrogou o direito, baseado em suas próprias interpretações, de usar a força onde quiser derrubar governos que, entre outras razões, não o satisfazem", afirmou Lavrov.
Segundo o ministro russo, essas ações do governo dos EUA, que minam as bases da segurança e estabilidade regional, "levam à polarização das sociedades latino-americanas e também vão contra a tarefa de construir uma zona de paz na América Latina".
Cooperação frutífera
A Rússia tem defendido constantemente uma América Latina politicamente unificada e economicamente sustentável, disse ele.
"Nosso objetivo é trabalhar em conjunto com todos aqueles que compartilham as nossas abordagens a fim de manter a paz e a estabilidade na região da América Latina e do Caribe. O Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe [Tratado de Tlatelolco] continua sendo de primeira necessidade. É o primeiro documento jurídico internacional a proclamar uma região inteira livre de armas nucleares. Estamos prontos para uma cooperação frutífera com os parceiros latino-americanos no reforço do regime de não proliferação nuclear", concluiu.
Apoio ao desenvolvimento
Lavrov reiterou o interesse de Moscou em reforçar a cooperação com a Comunidade do Caribe (Caricom), o órgão regional que reúne atualmente 12 países e cinco membros associados.
Dentre os temas prioritários da cooperação, segundo o ministro russo, estão o apoio ao desenvolvimento sustentável, formação de funcionários dos serviços diplomáticos, expansão dos intercâmbios socioculturais e a implementação de iniciativas econômicas.
Em julho, o chanceler russo fez sua primeira visita ao Suriname e destacou que a Rússia vê a nação caribenha como "um parceiro importante na promoção da cooperação multifacetada com a Caricom".
A Caricom, criada em 1973 e que se estende das Bahamas, no Norte, até ao Suriname e à Guiana, na América do Sul, inclui atualmente 20 países em desenvolvimento (na sua maioria países insulares), cuja população total está estimada em cerca de 16 milhões de pessoas.