"Existe a possibilidade de erupção de um conflito militar na Venezuela. Existem tensões permanentes em torno do conflito. Ao mesmo tempo, alguns países latino-americanos continuam a promover a solução militar para o conflito [...] isso seria um desastre para a região e um sinal de falta de responsabilidade desses governos", disse Bayardi à Sputnik nesta sexta-feira.
O ministro da Defesa uruguaio definiu a situação na Venezuela como uma "crise institucional". Ele acredita que a oposição do país pediu ativamente uma interferência militar na Venezuela. Contudo, Bayardi instou o governo venezuelano e a oposição a procurar maneiras de resolver a crise.
O ministro uruguaio acrescentou que os Estados Unidos estavam desestabilizando a situação na Venezuela por meio de sanções unilaterais contra Caracas.
A Venezuela vem sofrendo uma crise política e humanitária que se intensificou em janeiro, quando, após a reeleição do presidente Nicolás Maduro ser contestada e o líder da oposição apoiado pelos EUA, Juan Guaidó, se declarar o presidente interino do país.
Os Estados Unidos e alguns outros países reconheceram Guaidó. A Rússia e vários outros países disseram reconhecer Maduro como o único presidente legítimo da Venezuela. Comentando a situação na Venezuela, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse em janeiro que "todas as opções estão sobre a mesa".
Venezuelanos temem ação militar contra o país
A decisão de 12 países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) de convocar o Órgão Consultivo do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) para enfrentar a crise na Venezuela pode dar lugar à intervenção militar, disseram cidadãos venezuelanos consultados pela Sputnik.
"Rejeitamos porque violam flagrantemente a soberania do país, devemos permanecer apegados à Carta das Nações Unidas, respeito, direito internacional, e é apenas uma desculpa para uma intervenção militar, eles não procuram mais nada", afirmou Robinson Dominguez, trabalhador do setor público.
Os 19 países membros do TIAR e os membros da OEA participaram de uma votação em 11 de setembro, que resultou em 12 votos a favor, cinco abstenções e uma ausência.
Para Estrella Peña, moradora de Montalbán, a sudoeste de Caracas, o TIAR procurará aumentar as medidas econômicas contra a nação sul-americana.
"Esta é uma nova estratégia e o que eles querem é intensificar as medidas impostas a nós, porque esse tratado fala sobre sanções econômicas, rompendo relações diplomáticas e de comunicação, ou seja, a única coisa que realmente precisa ser ativada nesse tratado é a coalizão de militares porque o restante já sofremos há algum tempo", avaliou.
Enquanto isso, o governo venezuelano considerou a decisão nula e chamou o TIAR de "instrumento imperial".
"A Venezuela denuncia à comunidade internacional a decisão infame de um pequeno grupo de governos alinhados aos interesses dos Estados Unidos, alegando invocar a TIAR e a ativação nula do TIAR, um instrumento imperial desastroso na história de nosso continente", disse o ministro de Relações Exteriores Jorge Arreaza.
A Venezuela deixou de ser membro da OEA em 27 de abril, quando o governo de Maduro formalizou sua saída, garantindo que nenhuma decisão emanada desse órgão teria impacto sobre seu país.
O TIAR foi assinado em 1947, no início da Guerra Fria e antes da criação da Organização dos Estados Americanos, mas nunca foi aplicado. O governo venezuelano deixou o TIAR em 2013, argumentando que poderia ser usado a qualquer momento para discutir uma ação contra a Venezuela.
Países como Cuba, Equador, Bolívia, México e Nicarágua também estão fora do TIAR.