De acordo com Dolgov, os EUA vão usar ataques a refinarias sauditas da mesma forma que usaram os ataques contra petroleiros no golfo Pérsico, ou seja, para intensificar a pressão político-diplomática, e talvez político-militar, sobre o Irã.
"Talvez o Irã não tenha nada a ver com esses ataques, porque os houthis agem independentemente e não a mando do Irã", ressaltou à Sputnik.
Dolgov acrescentou que os rebeldes houthis e o movimento Ansar Allah conseguiram "aumentar reputação" com os ataques a refinarias sauditas ao mostrar que houthis são capazes de atacar uma das mais importantes potências do golfo Pérsico e até mesmo influenciar o preço do petróleo, visto que Arábia Saudita diminuiu produção após ataques.
"Ou seja, os houthis mostraram ser capazes de influenciar não apenas a situação no Oriente Médio e no golfo Pérsico, mas a geopolítica como um todo", agregou.
Conflito militar entre Irã e EUA?
Apesar de a situação ter sido agravada, um conflito militar é improvável, acredita Dolgov.
"Não acredito que haverá um conflito militar amplo e de grande escala, porque é inaceitável tanto para os Estados Unidos quanto para o Irã. Para os EUA seria uma grande guerra, que custaria demais, e com contra-ataque do Irã, que possui mísseis balísticos e aviões", explicou.
Além disso, Boris Dolgov ressaltou que Israel acabaria se envolvendo em caso de conflito entre os EUA e o Irã.
"Israel seria imediatamente atacado pelo Irã em caso de conflito militar com os EUA. O governo iraniano já retrucou as ameaças dos EUA que, em caso de conflito com norte-americanos, 'Israel seria transformado em pó'. Trata-se de um perigo real, por isso é improvável que os EUA ataquem", concluiu.
Ataque a refinarias sauditas
No sábado (14), duas refinarias de petróleo na Arábia Saudita pegaram fogo devido a ataques de drones. A Arábia Saudita, que é uma das maiores exportadoras e uma das três maiores produtoras de petróleo do mundo, declarou que os ataques ocasionaram um corte de mais da metade da produção – 5,7 milhões de barris por dia de uma marca habitual de cerca de 9,8 milhões.
Os rebeldes iemenitas houthis, contra os quais a coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita está lutando desde 2015, declararam ser os responsáveis pelos ataques às refinarias sauditas. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, culpou o Irã de estar envolvido nos ataques. E as acusações foram refutadas imediatamente pelas autoridades iranianas.