"Não tinha tiroteio no momento em que Ágatha foi baleada. Nós, como moradores desta comunidade, sabemos bem de todas as atrocidades que acontecem nesta favela. E não somos nós os coniventes com o tráfico de drogas", declarou uma moradora durante a manifestação deste sábado.
MORADOEES PROTESTAM PELA MORTE DA AGATHA FELIX https://t.co/Pi39uEdjmT
— Voz das Comunidades (@vozdacomunidade) September 21, 2019
A morte da menina causou indignação e revolta da população, que resolveu se reunir em um ato contra a violência na região, que está fazendo um número cada vez maior de vítimas inocentes.
ATO CONTRA VIOLÊNCIA! #VidasNegrasImportam #ACulpaEDoWitzel https://t.co/WFOeEGZWLf
— Voz das Comunidades (@vozdacomunidade) September 21, 2019
A menina estava dentro de uma Kombi no momento em que foi baleada. Levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na zona norte do Rio, ela não resistiu ao ferimento e morreu.
ACABEI DE RECEBER A CONFIRMAÇÃO QUE A MENINA AGATHA VITÓRIA FELIX NÃO RESISTIU AOS FERIMENTOS E MORREU! NÃO PODEMOS ADMITIR QUE ISSO SEJA NORMAL, GENTE! CHEGAAAAAAAA!!! #VidasNegrasImportam #ACulpaEDoWitzel pic.twitter.com/ve0cpIjfWH
— Rene Silva (@eurenesilva) September 21, 2019
"Quem tem que dar informações é quem deu o tiro nela. Matou uma inocente, uma garota inteligente, estudiosa, obediente, de futuro. Cadê os policiais que fizeram isso? A voz deles é a arma. Não é a família do governador ou do prefeito ou dos policiais que estão chorando, é a minha. Amanhã eles vão pedir desculpas, mas isso não vai trazer minha neta de volta", declarou ao jornal Extra o avô materno de Ágatha, identificado como Ailton Félix.
Moradores do Complexo do Alemão estão neste momento realizando uma manifestação na entrada da Grota pela violência na favela e pela morte da Ágatha Félix, de 8 anos. pic.twitter.com/tCzzDNoLxb
— Voz das Comunidades (@vozdacomunidade) September 21, 2019
Moradores da comunidade afirmam que o disparo de fuzil partiu da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), de onde policiais militares teriam suspeitado de um motociclista que passava pelo local.
Em nota, a assessoria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro infirmou que "por volta das 22h desta sexta-feira, 20/09, equipes policiais da UPP Fazendinha, que estavam baseadas na esquina da rua Antônio Austragésilo com a rua Nossa Senhora, foram atacadas de várias localidades da comunidade de forma simultânea", e que "os policiais revidaram à agressão".
"Após o confronto, não foi encontrado feridos na varredura do local. Na sequência, os policias foram informados por populares que um morador teria sido ferido na localidade conhecida como 'Estofador'. Uma equipe da UPP se deslocou até o Hospital Getúlio Vargas e confirmou a entrada de uma criança de 8 anos ferida por disparo de arma de fogo", acrescentou.
Na noite desta sexta, 20/09, policiais da UPP Fazendinha foram atacados de vários pontos da comunidade de forma simultânea. A equipe revidou à agressão. Logo após eles foram informados que um morador foi ferido na localidade “Estofador”. (+)
— PMERJ (@PMERJ) September 21, 2019
A PM do Rio disse ainda que um procedimento já foi aberto para apurar todas as circunstancias da ação.
Com uma média de cinco mortes por dia, a polícia do Rio é conhecida como a mais letal do Brasil, tendo matado 1.534 pessoas no ano passado. Em 2019, sob o governo de Wilson Witzel, as mortes em ações policiais vêm batendo recordes, apesar dos homicídios estarem em queda no estado.
De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, de janeiro a agosto deste ano, 1.249 pessoas foram mortes por intervenção de agentes do estado – quase 200 pessoas a mais do que no mesmo período do ano passado.