Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, acusou Bachelet de "intrometer-se" nos assuntos brasileiros depois que ela levantou preocupações sobre um salto nas mortes pela polícia do Rio de Janeiro, recuando nas normas democráticas e ataques às comunidades indígenas.
Ele também mirou a ex-presidente chilena e o pai, um general da Força Aérea que permaneceu leal ao presidente socialista Salvador Allende após o golpe militar do Chile, em 1973, e morreu na prisão sob a ditadura de Augusto Pinochet.
"[Bachelet] esquece que a única razão pela qual o país não é como Cuba é graças àqueles que tiveram a coragem de parar a esquerda em 1973", escreveu Bolsonaro. "Entre os comunistas estava o [seu] pai".
Em uma entrevista à Televisão Nacional Chilena (TVN) que deve ser exibida na noite de domingo, cujos trechos foram publicados pela manhã no jornal La Tercera, Bachelet respondeu a isso.
"Fui perguntada em uma entrevista coletiva sobre a situação no Brasil e demos as informações que possuímos, que é o número de pessoas mortas e a dificuldade da sociedade civil de continuar fazendo o que estava fazendo antes", afirmou, citada como o que disse à TVN.
Questionada especificamente sobre a reação de Bolsonaro às suas críticas, ela aludiu à ditadura militar do Brasil entre 1964 e 1985, que Bolsonaro elogiou como "gloriosa".
"A maneira como eu entendo as coisas depende de quem as está dizendo [...] Então, se alguém está dizendo que seu país nunca esteve sob ditadura, que nunca houve tortura lá [...] bem, deixe-o dizer que a morte de meu pai por tortura garantiu que o Chile não se tornasse Cuba. A verdade é que sinto pena do Brasil".