O destino do corpo do general é motivo de disputa há muitos anos no país. O atual chefe de governo, Pedro Sánchez, vem brigando para retirar os restos mortais da Abadia da Santa Cruz do Vale. Para os socialistas, é errado que o túmulo de um ditador acusado de crimes seja uma atração turística. Por outro lado, a família de Franco e saudosistas do regime defendem sua permanência no mausoléu.
Os seis juízes da corte rechaçaram recurso apresentado pelos familiares do general contra a exumação. O governo pretende levar os restos mortais de Franco para um cemitério discreto próximo de Madri, onde repousa a viúva do ditador. Franco esteve no poder de 1939, após vencer a Guerra Civil Espanhola, até sua morte, em 1975.
Partidos de esquerda e familiares de vítimas do conflito defendem a retirada do corpo do general. O mausoléu costuma reveber a visita de turistas e entusiastas de Franco.
Além disso, alguns afirmam que a medida poderia abrir feridas da guerra entre republicanos e nacionalistas apoiados pelo general, que se estendeu de 1936 a 1939. Cerca de 34 mil vítimas do conflito, de ambos os lados em disputa, estão enterradas no mausoléu, a maioria sem identificação.
Decisão vem no mesmo dia que parlamento é dissolvido
Franco tomou a iniciativa de levar os restos mortais do caídos para o local, sob o pretexto de unificar o país. Os familiares das vítimas, no entanto, dizem que não autorizaram o gesto.
Os familiares do ex-líder esperavam ao menos poder levar os restos mortais para a catedral de Almudena, no centro de Madri, ideia que o governo rejeita.
A decisão ocorre no mesmo dia em que o parlamento foi dissolvido e foram convocadas eleições gerais para 10 de novembro. A oposição acusa o Partido Socialista de utilizar a exumação como palanque político.
O resultado da corte não pode ser apelado, mas os advogados da família de Franco disseram que vão entrar com recurso no Tribunal Constitucional da Espanha e no Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Pelo Twitter, Pedro Sánchez disse que a decisão era uma vitória para a democracia espanhola. "A determinação de reparar o sofrimento das vítimas do franquismo guiou sempre a ação do governo", afirmou.
Em Portugal, caso parecido gera polêmica
No vizinho Portugal, um caso parecido vem gerando polêmica: A construção de um museu em Santa Comba Dão, na região central do país. A cidade é a terra natal de António de Oliveira Salazar e há protestos contra a obra, que está sendo considerada um museu sobre o ditador.