O que motivou o pedido?
O pedido de impeachment surgiu pelo fato de o presidente norte-americano ser suspeito de ter pressionado o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, para investigar o democrata Joe Biden, pré-candidato à Presidência e possível rival de Trump nas eleições de 2020.
Trump teria telefonado para o presidente da Ucrânia, Zelensky, para pedir que investigasse Joe Biden e seu filho, Hunter Biden, que é integrante do conselho de uma empresa de gás ucraniana.
Segundo um informante anônimo, o presidente norte-americano teria prometido "algum tipo de benefício" ao líder ucraniano, que provavelmente seria alguma ajuda militar norte-americana ao país.
Com isso, para Pelosi não restam dúvidas de que Trump "violou gravemente a Constituição", inclusive traindo o juramento presidencial, bem como a segurança nacional e a integridade das eleições de 2020.
Trump e o Congresso
Trump, por sua vez, estaria tentando impedir que a denúncia do informante fosse entregue ao Congresso, mesmo depois que a inteligência norte-americana considerou o caso como "urgente".
De acordo com a Lei norte-americana, denúncias sérias como essa devem ser do conhecimento do Congresso em um prazo máximo de sete dias.
Entretanto, Trump considera o caso "ridículo", já que, segundo ele, suas conversas são "totalmente apropriadas", conforme a BBC News.
Além disso, o presidente norte-americano afirmou que manteve contato com o líder ucraniano, porém o contato foi apenas para felicitá-lo. Ressaltando que "não gostaria de ver pessoas como o vice-presidente Biden e seu filho aumentando a corrupção na Ucrânia".
Trump, atualmente na ONU, afirmou que autorizou a transcrição completa, sem qualquer edição, da conversa telefônica com o líder ucraniano.
A transcrição completa foi divulgada nesta quarta-feira (25) e confirmou que o presidente norte-americano tentou "chantagear" o presidente ucraniano.
Segundo os Democratas, Trump teria pedido em troca garantias de que a Ucrânia estaria pronta para ajudá-lo. Entretanto, o pedido direto não consta na transcrição publicada.
Riscos para Trump (republicano) e democratas
O caso representa um grande risco tanto para Trump quanto para os democratas, pois envolveria as antigas acusações de conflitos de interesse envolvendo os negócios exercidos pela família Biden no exterior.
Além disso, a família Biden não apresenta um bom retrospecto, por exemplo, estando no conselho da companhia de gás natural ucraniana desde o governo de Barack Obama, chegando inclusive a pressionar o governo ucraniano a demitir o procurador-geral, Viktor Shokin, que estava investigando a companhia de gás.
Vale ressaltar que uma das interferências na Ucrânia, envolvendo o telefonema e Trump, estaria ligada à ajuda militar no território ucraniano, que Trump alega estar aguardando verba dos países europeus. Entretanto, o telefonema mostra algo totalmente diferente, onde o presidente norte-americano utiliza sua ajuda militar como forma de "chantagear" a Ucrânia para obter informações confidenciais sobre Biden.
Precedentes na história dos EUA
Na história da política norte-americana outros dois presidentes já sofreram o pedido de impeachment após votação na Câmara.
Andrew Johnson, em 1968, e Bill Clinton, em 1998, foram os dois presidentes que sofreram um pedido de impeachment.
Apesar de ter havido pedidos de impeachment, ambos os presidentes venceram o julgamento no Senado e continuaram no cargo até o fim de seus mandatos.
Além dos dois presidentes, Richard Nixon, republicano, renunciou ao cargo em 1974, após o escândalo de Watergate, antes de a Câmara votar o pedido de impeachment contra seu mandato.
Riscos para o Brasil
Pode não aparentar, mas um possível impeachment de Trump pode significar um grande risco para o Brasil.
Como todos nós sabemos, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não esconde o seu "amor" e sua "paixão" pelo presidente norte-americano, Donald Trump, o que pode trazer um grande risco caso Trump sofra o impeachment.
Vale destacar que Bolsonaro teria quebrado o protocolo ao se dirigir ao presidente norte-americano, quando ao ver o presidente norte-americano disse "I love you", enquanto Trump respondeu: "Que bom te ver de novo."
Com toda essa troca de afagos entre ambos os líderes, fica claro que Bolsonaro está reforçando os laços com a administração de Trump. Contudo, isso é um "jogo" muito arriscado pelo simples fato de o Brasil estar se afastando de seus parceiros tradicionais.
Ou seja, caso Trump deixe o poder, os democratas poderiam substituí-lo e rever as relações entre os EUA e o Brasil, o que poderia resultar em um isolamento internacional ainda pior para o governo brasileiro.
Porém, no Brasil, há quem acredite que a abertura do pedido de impeachment seja apenas para desestabilizar o governo Trump e não para derrubá-lo.