A avaliação é de José Mauro de Morais, pesquisador do Instituto de Economia Aplicada (IPEA) e especialista na área de petróleo e gás.
Em 14 de setembro, um ataque de drones danificou duas refinarias importantes da Arábia Saudita e fez o país do Oriente Médio cortar pela metade sua produção de petróleo, uma queda de 5,7 milhões de barris por dia.
O episódio também está ligado a outro fator que estremece o mercado de petróleo: a tensão entre Estados Unidos e Irã. Washigton, e os sauditas, afirmam que Teerã tem envolvimento com o ataque às refinarias.
O Irã, todavia, rejeita a acusação e ressalta que os rebeldes houthis, que participam da guerra civil do Iêmen, assumiram a autoria do atentado.
Estes incidentes trouxeram instabilidade para o preço do barril de petróleo, que chegou a subir 19% e ser cotado a US$ 71,95. Nesta segunda (30), a cotação é de US$ 61,91.
"O mercado de petróleo com o preço do barril de US$ 60 a US$ 65 já é bastante satisfatório para as empresas produtoras em geral, ninguém gosta de ver uma escalada de preços e uma tensão crescendo muito. É bem melhor que haja um balanço, uma tranquilidade", diz Morais à Sputnik Brasil.
O pesquisador do IPEA também ressalta que a Petrobras sabe do impacto que o preço dos combustíveis tem na inflação e nas ruas, por isso não aumentou imediatamente o preço da gasolina e do diesel após os ataques à Arábia Saudita. A companhia chegou a anunciar que não iria acompanhar a oscilação diária do mercado internacional, mas dois dias depois recuou da decisão e anunciou aumento no preço médio do diesel em 4,2% e da gasolina em 3,5%.
"A Petrobras tenta, na medida do possível, praticar um preço internacional. E quando o preço internacional se eleva, a Petrobras automaticamente eleva o preço dela, tanto do diesel como da gasolina, mas é preciso notar, também, que a Petrobras não exagera."