"O próprio Conselho de Segurança da ONU pode tomar essa decisão: retaliar Paraguai, Bolívia e a Colômbia no que diz respeito às armas em si. Ou seja países que vendem armas para esses países têm que ser proibidos de fazê-lo sob pena de continuar esse massacre essa situação sangrenta que nós vivemos hoje nas comunidades do Rio de Janeiro. E fechar a fronteira", disse Witzel.
A Sputnik Brasil entrou em contato com dois especialistas, um em segurança pública e outro em Direito Internacional para comentar a declaração do governador do Rio de Janeiro.
Segundo José Luiz Souza de Moraes, professor de Direito Internacional da Unip (Universidade Paulista), o pedido de Witzel é inviável do ponto de vista legal.
"Nós somos um Estado Federado e o sujeito no direito internacional público é aquele que tem os deveres, as obrigações e a interlocução no cenário internacional, que é a República Federativa do Brasil e não os seus estados federados", disse.
José Luiz Souza de Moraes disse que a declaração de Wilson Witzel, por ser um ex-juiz federal, causa estranheza.
"O Estado do Rio de Janeiro não pode ir ao Conselho de Segurança da ONU e fazer essa reclamação. O que causa mais estranheza é que o governador não é um leigo. Ele é um juiz federal, ele sabe disso melhor do que ninguém", afirmou.
José Ricardo Rocha Bandeira, comentarista de Segurança Pública e Criminologia, diz que o Wilson Witzel fez um discurso "mais político do que prático" ao dizer que deseja ir ao Conselho de Segurança da ONU contra os alguns países vizinhos.
"Ele já deu declarações de que pretende se candidatar a Presidência da República em 2022 e ele precisa começar a aparecer em nível nacional, então ele pega como gancho a segurança pública, que é uma questão estadual, mas ele tenta nacionalizar essa questão para angariar um discurso político visando as eleições presidenciais", disse.
Segundo José Ricardo Rocha Bandeira, o Brasil deveria fazer o "dever de casa" antes de fazer propostas como a de fechar fronteiras com países vizinhos.
"O governo federal, no que diz respeito a segurança pública, nunca fez o seu dever de casa, nunca cumpriu o seu papel e nunca impediu que drogas, armas e munições atravessassem a nossas fronteiras e chegassem as comunidades das maiores cidades do Brasil", disse.
Nesse sentido, José Luiz Souza de Moraes diz que, se o problema fosse de fato, o contrabando de armas, faria sentido também se queixar dos Estados Unidos.
"Ele acusou esses países de mandarem armamentos, só que todos esses armamentos que chegam aqui são dos Estados Unidos", completou.