Outro fator que pode prejudicar o comércio, segundo a OMC, é um Brexit desordenado e mudanças nas políticas monetária e fiscal em vários países. Todos esses riscos negativos somados fazem com que as empresas adiem seus investimentos.
Menor crescimento da década
Em relatório, a entidade projetou um crescimento das transações globais de 1,2% em 2019, contra 2,6% previsto em abril. Segundo a própria OMC, que tem sede em Genebra, um "corte drástico". O resultado seria o menor desde o início da década e da crise financeira internacional entre 2008 e 2010. Além disso, representaria o terceiro pior crescimento em 30 anos.
Para se ter uma ideia, em abril de 2018 a estimativa era de que o crescimento em 2019 seria de 4%. Ou seja, de lá para cá, uma redução de 2,8%. Para 2020, a instituição prevê uma expansão de 2,7%, ante estimativa anterior de 3%. Em 2018, o comércio mundial cresceu 3%.
A normalização da situação, aponta a entidade, depende de relações comerciais "mais normais". No informe publicado nesta terça-feira (1), técnicos da organização dizem que "os conflitos comerciais representam o maior risco negativo para a previsão, mas choques macroeconômicos e volatilidade financeira também são gatilhos em potencial para uma desaceleração mais acentuada".
O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, afirmou no relatório que as "as perspectivas sombrias para o comércio são desencorajadoras, mas não inesperadas". Segundo ele, "além de seus efeitos diretos, os conflitos comerciais aumentam a incerteza, o que está levando algumas empresas a adiar os investimentos para aumentar a produtividade, essenciais para elevar o padrão de vida".
Azevêdo disse ainda que "a criação de empregos também pode ser dificultada, pois as empresas empregam menos trabalhadores para produzirem bens e serviços para exportação".
OCDE também reduziu previsões
No dia 19, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também reduziu as previsões de crescimento da economia mundial, passando a projetar um crescimento de 2,9% em 2019 e 3% em 2020, após expansão de 3,6% em 2018.
Segundo a OCDE, confirmadas as previsões, serão as taxas de crescimento anuais mais fracas desde a crise financeira de 2008/2009.