'Veterano das tropas cibernéticas': por que general britânico relata 'guerra' contra Rússia?

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O chefe do Estado-Maior da Defesa do Reino Unido, Nick Carter, afirmou que seu país está em guerra todos os dias devido a constantes ataques cibernéticos da Rússia e de outros países.

Em discurso proferido no domingo (29) no Festival Literário de Cliveden, que contou também com participação do aposentado general americano e ex-diretor da CIA David Petraeus, o general Carter afirmou que "a mudança de carácter da guerra expôs as distinções que já não existem entre a paz e a guerra".

"Sinto que agora estou em guerra, mas não é uma guerra como a definimos no passado. E isso porque a grande competição de poder e a batalha de ideias com agentes não estatais estão nos ameaçando diariamente", discursou.

Carter se referia à alegada "interpretação" da Rússia e da China das regras que regem o engajamento internacional. De acordo com o general britânico, essa "interpretação" sino-russa estaria ameaçando "as bases ética e legal sobre as quais nós aplicamos a regra do conflito armado".

Segundo o general britânico, Rússia é "muito mais ameaçadora hoje do que há cinco anos". "O caráter da guerra está evoluindo [...] há um debate que precisamos ter sobre como será o futuro da guerra", afirmou Carter, insistindo que o conceito tradicional de guerra apenas em terra, no mar e no ar já está ultrapassado.

Resposta de diplomatas russos

A assessoria de imprensa da embaixada russa em Londres destacou que as estruturas de Defesa britânicas apresentam ameaças inexistentes para justificar o aumento dos orçamentos.

"A retórica do comandante militar britânico é preocupante. De fato, ele decreta que, nas condições modernas, a linha habitual entre guerra e paz está sendo apagada, e ele mesmo 'se sente em uma guerra' por causa do 'aumento da competição entre as potências mundiais e da luta de ideias entre países e agentes não estatais'", retrucou a embaixada russa.

O cientista político Pavel Feldman falou com o serviço russo da Rádio Sputnik sobre a declaração do general britânico, que, segundo Feldman, deveria pensar melhor no que fala.

"Nosso Ministério de Relações Exteriores e algumas de suas estruturas estão fazendo a coisa certa, não deixando nenhum ataque agressivo ao nosso país sem uma resposta. E qualquer afirmação agressiva, acusação falsa e infundada, é seguida por uma explicação muito clara, que, acho, deixará o general Carter sóbrio ao ponto de fazê-lo repensar na próxima vez que discursar", afirmou Pavel Feldman ao serviço russo da Rádio Sputnik.

Seria saudade de guerra real?

Na opinião de Feldman, muitos autores de declarações agressivas simplesmente não percebem o preço dessas palavras, e por simplesmente não haver nenhuma ameaça de uma guerra que ameace Reino Unido e outros países ocidentais hoje em dia, generais como Carter francamente sentem falta de guerra real.

"O general Carter aproveita todas as oportunidades para lembrar-se da sua existência e que seria bom investir mais dinheiro na Defesa. As pessoas que se permitem este tipo de ataques agressivos, não percebem o preço de suas palavras [...] O senhor Carter provavelmente tem inveja de seus colegas que estão travando agora uma 'guerra quente' no Oriente Médio [...] Talvez ele queira obter o título de 'veterano das tropas cibernéticas' ou dizer que foi ferido na frente cibernética", complementou.

Anteriormente, o Reino Unido criou uma divisão de "oposição" à Rússia nas redes sociais. Como escreveu The Telegraph, a chamada Sexta Divisão foi concebida para influenciar a opinião pública e os oponentes do Reino Unido, "especializando-se" na guerra da informação.

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