Apesar do bom desempenho de qualquer caça, em pouco tempo ele pode ser superado por um rival. Este dilema força os governos a investirem continuamente na renovação de sua aviação militar.
Tratando deste assunto, o especialista militar Robert Fareley destacou os momentos importantes da história do caça soviético MiG-21, presente ainda nas forças aéreas de vários países.
Origem
O MiG-21 começou a ser desenvolvido ainda em 1953. O sucesso de seus antecessores MiG-15 e MiG-17 mostrou o valor dos engenheiros soviéticos. No entanto, o rápido avanço tecnológico dos caças empregados na Guerra da Coreia tornou grande parte dos aviões da época obsoletos.
Para resolver a questão, os soviéticos desenvolveram o MiG-21.
A aeronave foi lançada com um canhão interno e capacidade de carregar de dois a seis mísseis. Além disso, sua velocidade máxima era mach 2. O avião poderia ser empregado tanto em combates aéreos quanto em ataques a posições terrestres.
Apesar de não ter radares muito sofisticados, ele foi produzido em massa tanto na União Soviética quanto no exterior.
"Ao todo, a URSS produziu 10.645 unidades entre 1959 e 1985. A Índia, tendo licença para a produção e transferência tecnológica de Moscou, fez 657 unidades, enquanto a Tchecoslováquia produziu 194 sob licença", disse Fareley em artigo postado na revita norte-americana National Interest.
Por sua vez, a China, de maneira não oficial, obteve a documentação técnica do caça.
Além disso, utilizando técnicas de engenharia inversa, o país lançou suas versões do MiG-21, os Chengdu J-7/F-7.
"A China produziu por volta de 2.400 MiG-21 entre 1966 e 2013. [...] O MiG-21 foi o caça supersônico mais produzido da história", afirmou Fareley.
Eficiência
Os desenvolvedores do caça conseguiram fazer o que muitos engenheiros no futuro não conseguiriam. Os caças modernos não voam muito mais rápido do que o MiG-21. Também sua capacidade de manobra não supera em muito a do caça.
Embora muitos governos invistam em aeronaves extremamente modernas, o que os militares mais necessitam é de aeronaves de fácil manutenção, baratas, capazes de realizar patrulhas aéreas e atacar alvos em terra.
Essas características foram postas à prova durante a Guerra do Vietnã. Com alta manobrabilidade, o caça, nas mãos dos vietnamitas, conseguia atacar formações aéreas dos Estados Unidos e escapar antes que o inimigo lançasse seus mísseis ar-ar.
No entanto, o MiG-21 também teve um rival duro de pegar.
"Uma exceção ocorreu em 2 de janeiro de 1967, quando um grupo de F-4 Phantom II, sob o comando do lendário piloto Robin Olds pegou os pilotos vietnamitas em um enquadramento desastroso. Os F-4 derrubaram sete MiG-21 naquele dia", contou Fareley.
Fora o Vietnã, a aeronave foi empregada em diversos conflitos no Oriente Médio e em confrontações entre a Índia e o Paquistão.
Durabilidade
Até hoje o MiG-21 continua presente em 18 forças aéreas, incluindo dois membros da OTAN, a Romênia e a Croácia. Enquanto isso, a China, Rússia e Ucrânia ainda prestam serviços de manutenção ao caça e modernizam seus equipamentos.
Tecnologias mais avançadas têm permitido ao MiG-21 ainda servir no século XXI, como a camuflagem tridimensional.
Raras são as aeronaves que conseguem passar tanto tempo em serviço. Embora a produção do MiG-21 e suas versões tenha se encerrado, a aeronave ainda sofre modernizações e é adquirida por algumas forças aéreas.
A China terminou a produção do J-7, a última variante do MiG-21. Muitos dos modelos J-7 e F-7 ainda permanecerão em serviço por algum tempo. O Bangladesh é um dos exemplos.
O país adquiriu em 2013 a última dúzia de F-7. Pelo visto, as aeronaves não deverão ser substituídas tão cedo.
"Existem muitas forças aéreas que não necessitam de nada mais sofisticado ou caro que o MiG-21. Pode nunca haver um caça com 100 anos [...] mas o MiG-21 certamente atingirá os 60 anos [de uso]", escreveu o especialista no artigo.
Sendo assim, ressaltando o valor da aeronave, Fareley diz que o MiG-21 é um caça icônico da era supersônica.