As estrelas "bebês" foram encontradas no sistema [BHB2007] 11 - o membro mais jovem de um pequeno aglomerado estelar na nebulosa escura Barnard 59.
Estudos anteriores deste sistema estelar binário tinham apenas revelado sua ampla estrutura externa, mas não sua composição interna, informa o site do Observatório Europeu do Sul (ESO).
O astroquímico brasileiro Dr. Felipe de Oliveira Alves, do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre (MPE), na Alemanha, e sua equipe conseguiram ver o sistema de estrelas em alta resolução usando o rádio-observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile.
Duas estrelas irmãs nascendo em 'Pretzel' cósmico, são observadas pelo radiotelescópio ALMA @ESO. Importante pesquisa liderada pelo @FelipedeoAlves pode ajudar a determinar as condições nas quais nascem as estrelas binárias.
— Astronomia USP Brasil (@AstroUSP) October 4, 2019
A Cosmic Pretzel observed by @almaobs @ESO! pic.twitter.com/ArUFpoMaqG
"Vemos duas fontes compactas que interpretamos como discos circunstelares em torno de duas estrelas jovens", explica Alves, que liderou o estudo.
"O tamanho de cada um destes discos é semelhante ao cinturão de asteroides do nosso Sistema Solar e a separação entre eles é 28 vezes maior que a distância entre a Terra e o Sol", continua.
Estrutura complexa
Os discos são anéis de poeira e gás que rodeiam as estrelas jovens. À medida que o material dos anéis cai nas estrelas, elas se tornam maiores.
Ao redor dos dois pequenos discos, os pesquisadores encontraram um disco maior, com uma estrutura de loop complexa, semelhante a um pretzel (um tipo de pão macio alemão), com uma massa total equivalente a 80 vezes a do gigante de nosso Sistema Solar, Júpiter.
Os pesquisadores acreditam que as estrelas bebês absorvem material do disco maior, em forma de pretzel, em dois estágios.
#ESOCastLight A short video with everything you need to know about the recently discovered cosmic pretzel 🥨 #BiteSizedAstronomy #Oktoberfest #Munichhttps://t.co/M3eFdM7LaW pic.twitter.com/0rbQYrVQLh
— ESO (@ESO) October 4, 2019
ESO exibe um curto vídeo com tudo o que você precisa saber sobre o recém-descoberto pretzel cósmico
"O primeiro estágio é quando a massa é transferida para os discos circunstelares individuais em belos filamentos giratórios, que é o que a nova imagem do ALMA nos mostra […] No segundo estágio, as estrelas acumulam massa a partir de seus discos circunstelares", lê-se no site.
"Esperamos que esse processo de acréscimo em dois níveis conduza a dinâmica do sistema binário durante sua fase de acréscimo em massa […] Embora o bom acordo dessas observações com a teoria já seja muito promissora, precisaremos estudar mais sistemas binários jovens em detalhes para entender melhor como é que estrelas múltiplas se formam", finalizou o astroquímico.
Essas descobertas ajudam a entender como os sistemas binários com estrelas de tamanho semelhante se formam e crescem a partir de seus discos circundantes de poeira e gás.
Os resultados completos do estudo foram publicados na revista Science.