As reservas em ouro chinesas, estimadas em US$ 93 bilhões, tiveram um aumento de 190.000 onças (mais de 100 toneladas) entre agosto e setembro de 2019, de acordo com o Banco Central da China, reportou a agência de notícias Xinhua.
O montante das reservas em ouro de setembro é o mais alto em seis anos. O resultado é impulsionado pelo recrudescimento do protecionismo nos EUA e pelos cortes de juros, que incentivam os investidores a buscar investimentos e reservas de valor alternativos ao dólar.
Seguindo a tendência global, o Banco Central chinês adotou uma política de compra de ouro em dezembro de 2018.
As controvérsias comerciais com os Estados Unidos, no entanto, incentivaram ainda mais o Banco Central chinês a diminuir o papel do dólar nas suas reservas internacionais, segundo o economista Howie Lee da Oversea-Chinese Banking Corp baseada em Singapura.
"Em função das relações tensas com os Estados Unidos, a China precisa se proteger contra [os riscos de] manter grande parte de suas reservas em dólares. E o ouro cumpre justamente esta função.", disse o economista.
O montante total das reservas internacionais chinesas ao final de setembro do ano corrente é de US$ 3,0924 trilhões, segundo dados do Banco Central do país asiático, um aumento de US$ 19,7 bilhões.
A demanda dos bancos centrais de países emergentes por barras de ouro aumentou nos últimos anos. Considerando as políticas protecionistas da China e sua cautela geopolítica, a tendência de alta na demanda pelo metal deve se manter.
"Na medida em que a China se torna uma potência mundial de pleno direito, eu antecipo um aumento nas compras de ouro", afirmou o economista.
Guerra comercial com os Estados Unidos
O aumento nas compras de ouro ocorre no contexto da guerra comercial entre China e Estados Unidos. As superpotências já se engajaram em cinco rodadas de imposição mútua de tarifas alfandegárias.
Apesar da retomada das negociações em alto nível, esperada para ocorrer nesta semana em Washington, os responsáveis oficiais chineses manifestaram estar cada vez mais relutantes em aceitar um acordo abrangente.
Diminuição do papel do dólar
A China não é o único país que está aumentando recentemente as suas compras de ouro com o intuito de diminuir o papel do dólar na sua economia: só no primeiro semestre deste ano bancos centrais já compraram cerca de 371,1 toneladas do metal.
A forte demanda levou o preço do ouro a atingir níveis recordes para os últimos três anos, de acordo com o Conselho Mundial do Ouro.
De acordo com um relatório do Banco Central da Rússia, Moscou adquiriu somente no mês de setembro o equivalente a US$ 7,5 bilhões em ouro.
O montante total das reservas de ouro da Rússia atingiu 2.217,68 toneladas no fim de julho do corrente, um aumento de 9 toneladas em relação ao mês anterior. De janeiro a setembro, as aquisições de ouro pela Rússia atingiram 106 toneladas.
As reservas em ouro da Rússia são comparáveis em volume às reservas da Itália (2.451,8 toneladas) e da França (2.436,1 toneladas), de acordo com o Conselho Mundial do Ouro.
