O anúncio foi feito nesta quinta-feira (10) pela diretora do Instituto de Geociências da UFBA, Olívia Oliveira. A pequisa foi realizada pela instituição em parceria com a Universidade de Feira de Santana (Uefs) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS). As análises estão sendo feitas desde segunda-feira (7), no Laboratório de Estudos do Petróleo (Lepetro), na UFBA.
"Nossos estudos agroquímicos evidenciam que o óleo é proveniente de uma bacia da Venezuela. Foram diversas análises geoquímicas, a partir da coleta dessas amostras. Esse trabalho realmente revelou que se trata de um petróleo produzido na Venezuela", afirmou Olivia durante entrevista coletiva, segundo publicado pelo portal G1.
A pesquisadora explicou que por estar no mar, as análises foram prejudicadas, por isso não está descartada a hipótese do produto ser óleo combustível de navio, conhecido como bunker. "Se parece muito com petróleo cru. Mas não deixamos a possibilidade de ser bunker, combustível de navio. Seria um óleo mais pesado. Mas ainda não temos a real certeza. O óleo apresentava uma certa degradação. Pode ser um óleo cru, como poderia ser bunker", disse.
A análise foi feita com nove amostras: duas baianas e sete sergipanas. Segundo a pesquisadora, o "material é compatível com um dos tipos de combustível produzido na Venezuela", e não há "registros na literatura de material semelhante produzido no Brasil".
Bolsonaro diz que foi 'ato criminoso'
O presidente Jair Bolsonaro, durante evento para investidores realizado em São Paulo, disse que o derramamento no Nordeste foi um "ato criminoso", segundo citado pelo jornal O Globo.
"O último problema que tivemos foi o derramamento criminoso com toda a certeza, quase certeza ser criminoso, na região costeira do Nordeste. Estamos monitorando desde o dia 2 do mês passado mas infelizmente não temos bola de cristal para descobrir rapidamente os responsáveis por esse ato criminoso", afirmou.
Na quarta-feira, durante audiência na Câmara dos Deputados, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o petróleo "muito provavelmente" veio da Venezuela.
"Esse petróleo que está vindo, muito provavelmente da Venezuela, como disse o estudo da Petrobras, é um petróleo que veio por um navio estrangeiro, ao que tudo indica, navegando próximo à costa brasileira, com derramamento acidental ou não, e que nós estamos tendo enorme dificuldade de conter", argumentou.
O estudo da Petrobras ao qual o ministro se refere são análises laboratoriais feitas pela estatal indicando que o produto é uma mistura de óleos venezuelanos.
Venezuela rebate acusações
A estatal venezuelana Petróleos de Venezuela (PDVSA) negou nesta quinta-feira que o petróleo encontrado no litoral nordestino veio do país. "A PDVSA rechaça categoricamente as declarações do ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, que acusa a Venezuela de ser a responsável pelo petróleo cru que contaminou as praias do Nordeste do Brasil desde o início de setembro", disse a empresa por meio de comunicado.
A PDVSA disse que as acusações eram "infundadas" e não há "qualquer evidência de derramamento de petróleo cru nos campos petrolíferos da Venezuela que pudessem ter gerado dados ao ecossistema do país vizinho".
Desde o início de setembro, manchas de óleo vem aparecendo no litoral da região. Os nove estados do Nordeste foram atingidos. Até o momento, houve registro de vazamentos em mais de 60 cidades e 130 praias.