Cientistas debatem há muito tempo a possibilidade de realizar a tal dobra espacial, que consiste na capacidade de viajar no espaço a uma velocidade superior à da luz.
Enquanto alguns acreditam que a ideia de dobra espacial como um todo desafia as leis da física, outros continuam confiantes que ela se tornar realidade e que nós, um dia, seremos capazes de viajar pelo espaço.
A ideia de dobra espacial
A dobra espacial consiste em uma forma de propulsão mais rápida do que a velocidade da luz. A nave espacial seria capaz de contrair o espaço na parte da frente da nave e expandi-lo na parte de trás, criando a propulsão necessária para viagens espaciais.
Nos filmes "Jornada nas Estrelas", o movimento de dobra espacial é alcançado quando a matéria e a antimatéria colidem de maneira semelhante à fusão, que é mediada por cristais de dilítio.
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— Luke Morem (@MoremLuke) October 10, 2019
Dobra Espacial
Infelizmente os tais "cristais de dilítio" não existem na vida real, mas o restante dos ingredientes para realizar o mecanismo de dobra existe de verdade.
Estamos nos referindo ao deutério, que é um gás de hidrogênio que talvez pudesse substituir o fantástico "cristal de dilítio".
A antimatéria também existe. Enquanto a matéria é composta por partículas, a antimatéria é composta por antipartículas. A antimatéria tem a mesma massa e rotação do que sua equivalente, mas com carga elétrica e propriedades opostas.
Quando a matéria e a antimatéria colidem, ambas se destroem, e a energia liberada pela colisão é capaz de impulsionar uma nave a velocidades superiores à da luz.
Um obstáculo nada irrelevante
O maior desafio para atingir a tecnologia da dobra espacial é ultrapassar a teoria da relatividade de Einstein.
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— Tawan Murphy ❁ (@secanagem) October 6, 2019
O físico da Universidade de Melbourne, Roger Rassool, resumiu a teoria da seguinte forma:
"Conforme um objeto viaja a uma velocidade cada vez maior, ele vai ficando cada vez mais pesado. Quanto mais pesado, mais difícil atingir aceleração. Portanto, não conseguiremos atingir a velocidade da luz."
Nem todos os cientistas estão totalmente convencidos. Apesar de demandar uma quantidade de energia absurda e ir contra a teoria da relatividade de Einstein, eles estão determinados a atingir a tão sonhada tecnologia da dobra espacial.
Primeira tentativa: a onda de Alcubierre
Para contornar a Teoria da Relatividade, o físico mexicano Miguel Alcubierre formulou, na década de 90, uma teoria que defendia que uma nave poderia viajar à velocidade da luz sem de fato viajar à velocidade da luz. Segundo ele, a nave poderia viajar dentro de uma "onda" formada ao esticarmos o tecido do espaço-tempo.
Mas o estratagema de Alcubierre também iria demandar uma quantidade massiva de energia. Além disso, trata-se de uma abordagem totalmente teórica, sem demonstrações práticas.
A tese de Alcubierre conta com um número significativo de entusiastas. A NASA coordenou experimentos bem-sucedidos baseados no estudo do físico, ainda que, novamente, somente em base teórica.
Segunda tentativa: a nova fronteira
Os estudos sobre dobra espacial continuam progredindo. Em agosto, um estudante de engenharia da Universidade do Alabama, Joseph Agnew, iniciou uma nova linha de pesquisa nesta área. De acordo com o estudante, os filmes "Jornada nas Estrelas" (tanto o antigo, quanto o atual) foram capazes de prever diversas inovações tecnológicas.
"Na minha experiência pessoal, quando falamos de dobra espacial, as pessoas já começam a rir. Isso porque o assunto é muito teórico e retirado diretamente de histórias de ficção científica", disse Agnew.
Na última década, o progresso na área continuou, revelando os pequenos-grandes desafios que iremos encarar à frente.
A energia é o 'X' da questão
Se existe um desafio real à realização da dobra espacial é a energia. A quantidade de energia positiva e negativa necessária para criar a "onda" proposta por Alcubierre seria massiva ou mesmo impraticável. Há consenso entre os cientistas de que tal quantidade de energia teria que vir de alguma matéria exótica, com capacidade para gerar energia equivalente à massa do planeta Júpiter.
Para colocar a ideia da dobra especial em prática, ainda existem outros obstáculos, como, por exemplo, o financiamento das pesquisas, o progresso necessário nas áreas da física quântica e em geração alternativa de energia para sermos capazes de impulsionar uma nave pelo Sistema Solar por um período significativo de tempo.