Quem ocupará o trono financeiro mundial depois do Brexit?

© Sputnik / Aleksei Filippov / Acessar o banco de imagensArranha-céu Shard London Bridge, em Londres
Arranha-céu Shard London Bridge, em Londres - Sputnik Brasil
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Após o referendo do Brexit, muitos economistas questionaram a capacidade de Londres de se manter como centro financeiro mundial. Após três anos, os prognósticos pessimistas se provaram bastante equivocados.

Segundo dados publicados três anos após a votação do referendo do Brexit, Londres não só segue como o principal banqueiro do mundo, mas também aumentou a sua carteira de serviços financeiros, reportou a Reuters.

"Londres é extraordinariamente resistente e seu futuro como centro financeiro está assegurado", comentou o consultor imobiliário britânico Stuart Lipton.

De janeiro a julho, Londres foi a cidade do mundo que mais atraiu investimento imobiliário internacional, superando Nova York.

O seu reinado também segue incontestado no mercado de divisas estrangeiras, estando movimentado US$ 6,6 trilhões (cerca de R$ 24 trilhões) por dia.

Desde o referendo de 2016, o Reino Unido ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior centro comercial para operações de swap de taxas de juros do mundo, operação financeira que permite cobrir os riscos oriundos de variações de taxas de juros.

Por ser um centro de empréstimos comerciais e investimentos globais, Londres é o maior exportador líquido de serviços financeiros do mundo e realiza um quarto de todas as transações financeiras globais com a União Europeia.

Porque o Reino Unido deve permanecer no trono

Os economistas ainda discutem as razões pelas quais o Reino Unido conseguiu manter a sua influência nos mercados financeiros, mesmo com a instabilidade política gerada pelo Brexit. Mas as fontes ouvidas pela agência de notícias levantaram alguns motivos.

Uma explicação possível é que simplesmente não havia concorrente à altura da City de Londres. Essa afirmação foi corroborada por nada mais nada menos do que dez fontes ouvidas pela agência de notícias.

© Sputnik / Alex MacNaughtonBancos no distrito financeiro de Londres, a chamada London City
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Bancos no distrito financeiro de Londres, a chamada London City

Um funcionário da Comissão Europeia teria confessado à Reuters que a UE não tem interesse em asfixiar o setor financeiro londrino antes de acelerar a construção de um centro alternativo próprio, localizado na Europa.

Outro motivo apontado foi que os grandes bancos estão acostumados a trabalhar na Grã-Bretanha e apegados à cultura anglo-saxônica de trabalho duro e de alto risco.

Um executivo de um grande banco europeu disse que vários negócios foram transferidos para outros países da União Europeia depois do Brexit, mas que os maiores banqueiros estão receosos em abandonar a City de Londres.

Londres pode sair ilesa do Brexit?

Apesar de Londres ter mantido intactas as joias da coroa nestes últimos três anos, é errôneo afirmar que o Brexit não trará consequências negativas.

O referendo de 2016 pegou muitos diretores financeiros de surpresa e levou à maior desvalorização diária da libra desde 1970, quando o país adotou o câmbio flexível.

Bancos, seguradoras e gestores de ativos transferiram bilhões de euros de Londres para outros centros financeiros da UE, no intuito de se proteger contra os riscos de uma saída do Reino Unido do bloco sem acordo.

© Sputnik / Justin Griffiths-WilliamManifestante expressa apoio ao Brexit nas ruas de Londres.
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Manifestante expressa apoio ao Brexit nas ruas de Londres.

Apesar disso, de acordo com o especialista em história econômica Youssef Cassis, capitais financeiras como Londres tendem a ser muito longevas. Normalmente a subida e decadência de centros como esse ocorrem em ritmo bastante lento. O chefe de uma entidade empenhada em transformar Luxemburgo em um hub financeiro, Nicolas Mackel, concordou.

"Não devemos esperar que isso [a decadência de Londres] ocorra entre hoje e o Natal, mas em 5, 10, 15 ou 20 anos", assegurou Mackel.

Apesar do Brexit, a economia da União Europeia, estimada em cerca de US$ 15 trilhões (cerca de R$ 62 trilhões), continuará dependendo dos capitais financeiros localizados do outro lado do Canal da Mancha.

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