O Sínodo é uma reunião de mais de duas centenas de bispos da Igreja Católica. O tema da reunião que acontece de 6 a 27 de outubro neste ano é "Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral". Antes da edição de 2019, o Vaticano já organizou Sínodos para discutir "A Família Cristã" (1980) e "A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo" (2015).
A edição atual, contudo, entrou na mira do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O evento é monitorado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e "tem muita influência política", afirmou o presidente brasileiro. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o Papa Francisco vetou a participação de políticos e de militares no Sínodo. O governo de Bolsonaro tentou escalar militares para falar durante o evento da Santa Sé, afirma a publicação.
Os congressistas brasileiros não participaram diretamente do Sínodo, mas de evento de entidades católicas nas proximidades da Praça de São Pedro, em Roma. O convite partiu da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), esclarece em entrevista à Sputnik Brasil o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), que participou do evento em que o relatório foi entregue.
Também participaram os deputados federais Airton Faleiro (PT/PA), Bira do Pindaré (PSB/MA), Camilo Capiberibe (PSB/AP) Helder Salomão (PT/ES) e Jandira Feghali (PC do B-RJ).
"Os problemas que temos se intensificam com atual governo Bolsonaro, as políticas de desmonte que ele vem fazendo, mas também é positivo que a população e a Igreja Católica da Amazônia estão preocupadas em buscar alternativas", afirma Tatto.
O documento entregue pelos políticos brasileiros reúne informações sobre conflitos agrários, perseguições aos defensores de direitos humanos, trabalho escravo e avanço das organizações criminosas na Amazônia.
'Lá em Roma, é muito fácil', diz Petecão
O deputado federal Sérgio Petecão (PSD-AC) é um crítico do Sínodo da Amazônia. O congressista diz que há "muita gente querendo tirar proveito político da situação desse povo [indígena]".
Petecão afirma que pode falar sobre a "questão indígena" por conta das populações originárias de seu Estado, o Acre:
"Vejo alguns parlamentares que sequer conhecem a região e a realidade desses indígenas. Alguns ficam arrotando conhecimento e sequer conhecem a realidade desse povo. É muito fácil você falar da Amazônia tomando cerveja onde você está, no Rio Grande do Sul, lá no Vaticano. Eu quero ver você pegar um barco, chegar em Rio Branco e pegar um avião pequeno, levar duas horas para chegar no Jordão e de lá subir mais 8 horas para chegar em uma aldeia. Aí sim, aí ele vai conhecer a verdadeira realidade dos nossos indígenas", diz o deputado federal à Sputnik Brasil.