A particularidade do ecossistema desta península é que armazena o equivalente a mais de três anos de emissões de CO2 da Argentina. Isto graças às turfeiras, um tipo de zona úmida ácida em que a matéria orgânica se acumula sob a forma de terra, capaz de armazenar grandes quantidades de carbono.
As turfeiras desempenham um papel importante na regulação do ciclo de carbono. Eles são capazes de capturar o dióxido de carbono, transformando-o em matéria orgânica e crescer indefinidamente, como descrito em uma declaração emitida pela ONG Sem Azul Não Há Verde.
Perante a crise climática global, o papel destas turfeiras é fundamental para combater o enorme aumento das emissões globais de CO2 e de outros gases com efeito de estufa, as principais causas do aquecimento global.
Um desequilíbrio na drenagem de água das turfeiras pode fazer com que a matéria orgânica seque e se decomponha. Quando isso acontece, todo o material acumulado ao longo de milhares de anos retorna à atmosfera, aumentando o efeito estufa, alerta o documento.
"Na América do Sul, a mais importante concentração de turfeiras extratropicais está localizada na península de Mitre, onde se encontra a principal concentração de turfeiras da Argentina, com 2.400 quilômetros quadrados de turfa", explica Rodolfo Iturraspe, secretário de Ciência e Tecnologia da Universidade Nacional da Terra do Fogo.
Há mais de 17 anos, diferentes atores locais vêm pedindo a promulgação de uma lei que reconheça a área como um Parque Provincial, a fim de conservar este valioso ecossistema. O relatório final sobre a península de Mitre será apresentado em dezembro no Chile, durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP25).