Desde o início da guerra civil síria, o conflito tem sido marcado pela presença e operações de diversas forças estrangeiras. Entre essas forças configuram tropas francesas, em um novo capítulo do interesse histórico de Paris pela Síria.
Durante a guerra civil, a França apoiou os opositores ao governo de Assad.
Com o recente início da operação turca Fonte de Paz, a França se juntou ao grupo de países que criticam a atividade de Ancara na Síria.
Comentando a situação das forças francesas na Síria em entrevista à Sputnik Mundo, o general francês e especialista em relações internacionais e defesa, Dominique Trinquand, destacou a posição de seu país no conflito.
"A postura da França é a seguinte: a incursão da Turquia na Síria é inaceitável. Há que apoiar os curdos. Não podem ser abandonados. É necessário tomar medidas para garantir a segurança de nossas tropas", disse o general.
Para o especialista, as forças francesas se tornaram mais vulneráveis com a retirada das forças americanas do norte da Síria. A razão seria a dependência dos militares de Paris em relação à logística do Pentágono na região.
Além disso, com a maior concentração de tropas turcas e sírias no norte do país, o risco de ataque contra as posições francesas aumenta.
Risco de ataque
No último dia 13, a França decidiu cortar seu fornecimento de equipamento militar à Turquia. A decisão seria um protesto em relação à operação Fonte de Paz. Temendo uma retaliação turca, Dominique Trinquand acredita que haja o risco de um ataque turco contra as forças de Paris.
Contudo, o militar destaca o preparo das tropas francesas, dizendo que estas "seriam capazes de aniquilar vários blindados".
Mesmo assim, as posições francesas tendem a serem cercadas pelo avanço sírio do sul e a operação turca a partir do norte.
Sendo assim, os militares franceses podem ficar entre a espada e a parede, ou seja, entre os exércitos turco e sírio.
Futuro depende da Rússia
Nos últimos anos, a Rússia tem se tornado mais próxima da Turquia, ao passo que manteve seu apoio ao governo de Assad no conflito sírio.
Com a maior probabilidade de confrontamento entre Ancara e Damasco, a Rússia configura como uma força mediadora capaz de encontrar uma solução.
Pensando assim, o general francês vê a Rússia como peça fundamental para influenciar tanto a Turquia quanto a Síria.
"Moscou terá a última palavra nesta situação. A Rússia é um aliado tanto da Turquia quanto da Síria. Já que seus aliados estão se enfrentando entre si, a chave [da crise] está nas mãos do presidente russo, Vladimir Putin", afirmou Trinquand.