O primeiro-ministro Saad Hariri descreveu nesta segunda-feira (21) as medidas como "um golpe de Estado financeiro'' e disse que nenhum governo na história do Líbano tomou essas medidas.
Enquanto o discurso de Hariri foi transmitido ao vivo pela televisão local, milhares de manifestantes reunidos no centro de Beirute gritaram: "As pessoas querem derrubar o regime", segundo a agência de notícias AP. O número de manifestantes aumentou após o anúncio do gabinete governamental, em um clima de ceticismo sobre as medidas.
O pacote de reformas foi anunciado em resposta a enormes protestos nacionais que começaram na quinta-feira e se tornaram uma revolta crescente contra o status quo sectário e a elite política do país. A indignação com a forma como o governo lidou com uma profunda crise econômica e uma proposta de novos impostos unificou a fraturada sociedade libanesa.
Hariri deu a seu governo — uma coalizão desajeitada de nove partidos sectários — até segunda-feira para apresentar soluções convincentes para a crise econômica.
Após uma reunião de emergência que durou quase cinco horas, Hariri disse à imprensa que o gabinete aprovou o orçamento para 2020 com um déficit de 0,6% e sem novos impostos. Entre as reformas estão o corte pela metade dos salários de altos funcionários, incluindo os vencimentos de ministros e membros do gabinete, além de eliminar instituições púbicas e outras ações para diminuir o gasto público.