"Lamento. Eu não tenho bola de cristal, mas eu acho que a Argentina escolheu mal", afirmou Bolsonaro, citado pelo G1, em entrevista coletiva concedida em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde estava em viagem oficial desde o último sábado.
Crítico da candidatura de Fernández meses antes do pleito argentino, o presidente brasileiro adiantou que não pretende parabenizar o novo líder do principal parceiro comercial do Brasil na região, que vai substituir Mauricio Macri, a quem Bolsonaro considerava a melhor opção para a Argentina.
"Não pretendo parabenizá-lo. Agora, não vamos nos indispor. Vamos esperar o tempo para ver qual é a posição real dele na política, porque ele vai assumir, vai tomar pé do que está acontecendo e vamos ver qual linha que ele vai adotar", comentou.
"Agora, o povo botou no poder quem colocou a Argentina no buraco lá atrás", acrescentou Bolsonaro, destacando que a escolha da população argentina se deveu, na sua opinião, ao fato de que as reformas propostas por Macri não terem dado resultado, gerando uma série crise econômica no país.
Apesar do tom crítico, o Brasil seguirá aberto ao diálogo com o novo governo argentino, de acordo com Bolsonaro. Entretanto, o presidente se mostrou irritado com o fato de que Fernández ter feito acenos ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), postando uma foto no dia do aniversário do petista, e citando-o no discurso da vitória em Buenos Aires.
"Pretendo dialogar sim, não vamos fechar as portas. Agora, estamos preocupados e receosos, tendo em vista até o gesto que ele fez de Lula Livre. Temos a informação de que muita gente do PT estaria lá na Argentina para comemorar com o ele o que seria a vitória dele", pontuou.
O atual líder do Brasil foi além, questionando a ação do vencedor da corrida eleitoral argentina como uma afronta "à democracia brasileira, ao sistema judiciário brasileiro". Questionado sobre o impacto da eleição argentina no Mercosul, Bolsonaro não descartou "afastar" Buenos Aires do bloco.
"Não digo que sairemos do Mercosul, mas poderemos juntar com o Paraguai. Não sei o que vai o que vai acontecer com o Uruguai, vamos ver o que vai ser nas eleições do Uruguai, e decidimos se a Argentina fere alguma cláusula do acordo ou não. Se ferir, nós podemos afastar a Argentina. A gente espera que nada disso seja necessário. Espero que a Argentina não queira, na questão comercial mudar o seu rumo", concluiu.