Vice-diretora da Coppe/UFRJ e ex-secretária de Mudança Climática do Ministério do Meio Ambiente, Ribeiro acredita que "faltou comando" nos recentes episódios.
Em agosto, as queimadas na Amazônia Legal aumentaram 196% na comparação com o mesmo mês de 2018. O fogo resultou em críticas internacionais e em protestos no Brasil. Diante da pressão, Bolsonaro proibiu temporariamente as queimadas e editou um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para utilizar as Forças Armadas no combate aos incêndios.
Já o mais novo desastre ambiental envolve o derramamento de óleo em todos os nove Estados do Nordeste. Os primeiros indícios do óleo surgiram no final de agosto e ainda não foi identificada a origem do combustível. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram divulgados nesta quarta-feira (30) e indicam que o óleo atinge, no momento, 98 municípios.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo afirma que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, demorou 41 dias após o surgimento das primeiras manchas para acionar Plano Nacional de Contingência, política pública para lidar com desastres do gênero.
"Ainda que o acidente do óleo não seja de responsabilidade brasileira, a rapidez na ação é fundamental para reduzir os danos e essa rapidez só é conseguida quando você tem um preparo para esse tipo de situação, e o governo tem demorado muito a responder a essas questões, talvez porque não dá muita importância de imediato, acho que os dois casos deixaram isso bem visível", diz Ribeiro à Sputnik Brasil.
A professora da UFRJ ressalta que o Governo Federal trata a questão ambiental como um item "supérfluo", sem entender seus impactos econômicos. Com a repercussão dos incêndios na Amazônia, o agronegócio entrou em ação para colocar panos quentes na situação porque o quadro poderia significar contratempos financeiros, mas, diz Ribeiro, o "conjunto do governo" ainda não demonstra a mesma percepção.