A 7.ª Conferência Internacional de Incêndios Florestais Wildfire 2019 acontece em Campo Grande-MS entre os dias 28 de outubro e 4 de novembro. O evento é realizado sob a temática "Os benefícios ecológicos e ambientais do fogo em áreas dependentes ou tolerantes e seu uso controlado para fins agrossilvipastoris".
A conferência teve início em 1989 após uma série de incêndios florestais pelo mundo e teve novas edições em 1997, 2003, 2007, 2011 e 2015. Essa será a primeira vez que o evento será realizado na América Latina.
Para o biólogo Gabriel Zacharias, chefe do Centro Especializado Prevfogo, do Ibama, a escolha da sede neste ano tem a ver com a experiência brasileira no combate a incêndios florestais.
"O Brasil foi escolhido para sediar devido ao trabalho que já vem sendo realizado com a questão dos incêndios florestais, os avanços tecnológicos que tem obtido e também para que a gente pudesse buscar novas tecnologias, novos conhecimentos e novas informações", afirma o biólogo em entrevista à Sputnik Brasil.
Crise na Amazônia não influenciou escolha do Brasil como sede
Apesar das tecnologias desenvolvidas pelo país na área, o Brasil vive uma crise relacionada a incêndios na Amazônia que gerou comoção internacional.
Somente no Mato Grosso do Sul, escolhido para sediar o evento, houve um aumento de queimadas de 278% em 2019, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPe).
Zacharias porém, ressalta que a crise atual não está relacionada à escolha do Brasil como sede do evento.
"Essa conferência já vem sendo organizada desde 2015. No final de cada edição é apresentada a edição futura, então o Brasil foi selecionada e apresentado ao longo do ano de 2015", esclarece.
O biólogo acrescenta ainda que a participação do Brasil no evento é uma iniciativa governamental sob a liderança do Ibama.
"Essas trocas de experiência e essas trocas de conhecimentos visam atender e responder que iniciativas podem ser tomadas para a que a gente melhore os trabalhos de prevenção de combate nos diferente biomas brasileiros", aponta.
Zacharias ressalta que o Brasil tem apresentado avanços no setor, como tecnologias contra incêndios próximos a áreas de transmissão de energia através do monitoramento via satélite.
"A gente tem apresentado também iniciativas como projetos de pesquisa para o uso do fogo como uma ferramenta de controle de grandes incêndios florestais e o trabalho como comunidades tradicionais, em especial as comunidades indígenas", acrescenta.
Redução inédita de incêndios
O biólogo explica que o organismo em que trabalha, o PrevFogo, não passou por contingenciamento de recursos neste ano e conseguiu realizar as atividades de acordo com seu planejamento.
Zacharias avalia que a crise com os incêndios florestais na Amazônia apontou uma atenção especial no ano de 2019 resultou em uma redução inédita de incêndios entre agosto e setembro, de 16%.
"Dentro do processo de monitoramento de satélite que nós temos, principalmente desde 2002, nunca houve essa redução ou uma redução tão significativa como os 16% de redução de agosto para setembro que nós conseguimos nesse ano", explica.
O trabalho de prevenção a incêndios, aponta o biólogo, dura o ano todo, mas se intensifica nas época de maior risco de incêndio. Segundo ele, 90% das queimadas no Brasil resultam de ação humana.
"A maioria dos incêndios florestais brasileiros são causas humanas, o que nos diz que poderiam ter sido evitados e é nisso que a gente trabalha", aponta.
Conferência traz experiência mundial no combate aos incêndios
Apesar de adotar o Brasil como sede, a 7.ª Conferência Internacional de Incêndios Florestais Wildfire 2019 traz diferentes tecnologias usadas mundo afora no combate às queimadas. A discussão dos diferentes aspectos dessa área de interesse se espalha por mais de 300 apresentações.
"A conferência traz o que tem funcionado em diferentes regiões do mundo. Então a gente tem discutido muito o que tem acontecido nas savanas, o que tem acontecido com as comunidades das savanas africanas, com as comunidades aborígenes da Austrália, o desenvolvimento das tecnologias que estão sendo desenvolvidas na Ásia, na Europa, os protocolos norte-americanos", aponta.
Através das discussões, será formulado um documento para delinear as principais questões a serem desenvolvidas nos próximos anos pelos pesquisadores.
O evento, porém, não conta com a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que será representado pelo presidente do Ibama, Eduardo Bim.